PF inicia operações simultâneas contra quadrilhas de migração clandestina e contrabando

14/09/2005 - 12h01

Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A Polícia Federal realiza nesta quarta-feira (14) em São Paulo duas operações simultâneas de combate a migrações ilegais e contrabando. Segundo comunicado da Polícia Federal, cerca de 600 policiais participam das operações de execução de "mais de 60 mandados de busca e cerca de 50 mandados de prisão expedidos pela Justiça Federal". Segundo o texto, entre os procurados para prisão estão "policiais federais, um funcionário da Polícia Federal e servidores da Receita Federal".

As ações acontecem principalmente em São Paulo, mas abrangem também Minas Gerais – na região de Governador Valadares- Paraná e Espírito Santo. Para as ações em São Paulo foram chamados policiais federais dos estados de Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Goiás e Rio de Janeiro. A operação de combate ao tráfico ilegal de pessoas foi batizada de Canaã, enquanto a de repressão ao contrabando de mercadorias foi chamada Overbox. Foram deflagradas simultaneamente por terem origem nas mesmas investigações.

Segundo a Polícia Federal, participam das operações, "como observadores", agentes de segurança da imigração (Homeland Security) do Departamento de Estado dos Estados Unidos e agentes indicados pela Embaixada da Espanha, pois "as quadrilhas possuem ramificações na Europa, México, EUA e ainda na Ásia".

De acordo com o comunicado, são "várias organizações criminosas que operavam de maneira integrada no Aeroporto Internacional de Guarulhos. As quadrilhas, que eram alvos das duas operações, possuem integrantes comuns que atuavam tanto no terminal de cargas quanto no de passageiros, falsificavam vistos e passaportes, enviavam pessoas ilegalmente ao exterior, facilitavam e praticavam contrabando.

Na operação Canaã, as investigações identificaram "mais de 60 alvos e concluíram que o esquema montado pelo grupo para enviar pessoas ilegalmente à Europa, México e Estados Unidos tinha características de organização criminosa. Cada membro da quadrilha possuía uma função definida: agenciadores de pessoas interessadas em migrar do país, falsificadores de documentos, intermediadores (despachantes ou agentes de viagens), funcionários de empresas aéreas e policiais federais que atuam no embarque de passageiros".

As investigações da operação Overbox, segundo a Polícia Federal, começaram em 2003 e identificaram ligações entre as quadrilhas de migração ilegal e contrabando. "Após mais de dois anos de investigação foi possível concluir que havia mais de um grupo organizado realizando contrabando no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Os dois principais seriam a quadrilha de Miami e a quadrilha chinesa, que traziam para o Brasil irregularmente mercadorias da Flórida (Estados Unidos) e da China. Os membros das quadrilhas corrompiam servidores públicos para evitar o recolhimento de impostos e conseguiam burlar o fisco com informações sobre as escalas de serviço dos servidores envolvidos com a prática delituosa".

A Superintendência da Polícia Federal em São Paulo informou que divulgará um balanço das duas operações ainda hoje.