Pesquisa revela principais fatores de risco para doenças no coração

14/09/2005 - 19h11

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) entregou hoje (14) ao ministro da saúde, Saraiva Felipe, a pesquisa Corações do Brasil, que traça uma radiografia da incidência dos principais fatores de risco para o coração – colesterol, hipertensão, diabetes, sedentarismo, tabagismo, hereditariedade, alcoolismo, drogas ilícitas, estresse, obesidade e doença vascular periférica.

Os dados mostram que 83% dos brasileiros são sedentários (no Nordeste, o índice sobe para 93%), 13% faz uso diário de bebida alcoólica (com o maior percentual na região Sudeste), 25% fumam e 14% tem níveis de gordura no sangue acima no normal.

Para o diretor-executivo da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Raimundo Marques Neto, o Ministério deve dar um maior enfoque às políticas de prevenção. "A política de saúde no Brasil é voltada para a urgência. Ela não é voltada para a doença crônica nem voltada para a prevenção e promoção de saúde, ela está voltada para tratar o enfartado, para tratar a pessoa que teve derrame cerebral, mas ela não é voltada para a prevenção no indivíduo que tem hipertensão, diabetes, ou que no futuro vai ter isso, então é preciso mudar a política de saúde", afirma.

O maior estudo epidemilógico já realizado no Brasil sobre os fatores de risco para o coração também mostra que 5,3% da população com idade acima de 45 anos, ou cerca de 10 a 11 milhões de indivíduos, tem alta probabilidade de desenvolver Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP), um tipo de obstrução nas artérias.

A doença, segundo a pesquisa, é mais prevalente em homens do que em mulheres, apresenta o dobro da prevalência na raça negra e é oito vezes mais freqüente nas populações com baixa escolaridade. De acordo com a SBC, pacientes com DAOP têm risco elevado de sofrer infarto do miocárdio, derrame cerebral ou morte por doença cardiovascular, principal causa de morte no Brasil, com 300 mil óbitos por ano.

A pesquisa levou dois anos para ser concluída e foi feita com orientação do Instituto Vox Populi. Foram entrevistadas 1.239 pessoas em 77 cidades brasileiras. O estudo será lançado no 60º Congresso Brasileiro de Cardiologia, entre os dias 17 e 21 de setembro, em Porto Alegre (RS).