Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O empresário Sebastião Buani, dono do restaurante Fiorella, apresentou hoje (14) à Polícia Federal a cópia de um cheque nominal a Gabriela Kênia Martins, secretária do presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE). O cheque, no valor de R$ 7,5 mil, foi pago em 30 de julho de 2002.
Buani disse que entregou o cheque pessoalmente a Severino, no próprio restaurante, quando o deputado era primeiro-secretário da Casa. A quantia teria sido paga como propina para a prorrogação da concessão do restaurante de Buani na Câmara.
O empresário disse que o cheque apresentado hoje indica que o pagamento de propina começou em julho de 2002. Antes, Buani havia afirmado que os pagamentos mensais tiveram início em 2003. "Fiquei surpreso. O meu calvário não durou cinco, seis meses. Durou mais que isso", disse.
Buani afirmou que em janeiro de 2003, quando Severino Cavalcanti deixaria a primeira secretaria da Casa, o empresário ficou cinco horas no gabinete do deputado, "de pires na mão". De acordo com Buani, o deputado teria dito que assinaria o documento de prorrogação da concessão do restaurante até 2005. "Ele disse ‘eu assino, mas eu quero que você continue mantendo o nosso trato’", disse.
Sebastião Buani relatou que os pagamentos a Severino Cavalcanti eram feitos sempre em dinheiro, com exceção desse de 30 de julho de 2002, feito em cheque. "Ele (Severino) ia lá quase que diariamente almoçar e, durante as refeições, ele sempre dava ‘o aperto’. Dava um ‘arroxinho’ e dizia: "não esquece que hoje nós temos o nosso compromisso. Não vai me deixar na mão, hein?", afirmou Buani.
Buani acusa o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), então primeiro-secretário da Câmara, de ter cobrado propina para prorrogar a concessão de seu restaurante no 10º andar da Casa. "Fui extorquido", disse Buani ao entregar a cópia do cheque. E negou que estivesse na condição de corruptor.
Em depoimento na Polícia Federal na última sexta-feira (9), Gabriela Kenia Martins negou "peremptoriamente os fatos atribuídos ao deputado Severino Cavalcanti concernentes aos pagamentos do "mensalinho" realizados por Sebastião Augusto Buani", disse em depoimento. Ela presta novo depoimento na Polícia Federal e pode ser indiciada por falso testemunho.
Com o aparecimento do cheque, que é uma prova de que recebeu dinheiro, ela pode ser indiciada como ré. Nesse caso, não responderia por falso testemunho, porque a Constituição diz que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo.