Servidores do INSS no Rio paralisam trabalhos em protesto contra prisões na Operação Mercado Negro

13/09/2005 - 13h10

Daisy Nascimento
Repórter da Agência Brasil

Rio - Aposentados, pensionistas e trabalhadores que precisavam de perícia média foram surpreendidos, hoje, com greve de 24 horas dos funcionários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) do Rio. Os funcionários suspenderam as atividades para protestar contra as fraudes e a falta de um sistema interno de informações que dê segurança aos servidores na área de concessão de benefícios. Há cerca de um mês, eles encerraram uma greve que durou 76 dias.

De acordo com uma das diretoras do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência (Sindsprev/RJ), Janira Rocha, o sistema usado atualmente possibilita falhas que podem ser interpretadas como fraudes. Ela citou como exemplo a Operação Mercado Negro, realizada no dia 1º de setembro, no Rio, pela Força Tarefa de Combate ao Crime Previdenciário. A ação prendeu 33 pessoas, sendo nove funcionários do INSS, acusados de pertencerem a uma quadrilha que desviou mais de R$ 15 milhões dos cofres do INSS.

Janira considera justa a prisão dos fraudadores, mas ela diz que um erro administrativo do servidor não pode ser transformado numa fraude. "Infelizmente, dentre essas prisões, estão trabalhadores inocentes sendo acusados por conta de estarem fazendo os seus serviços. Hoje, o sistema interno da Previdência Social é falho, não nos garante segurança, não garante a lisura dos procedimentos, e os servidores acham que não podem ser responsabilizados por isso".

A Polícia Federal do Rio não comentou, até o momento, as declarações da diretora do Sindsprev.

Amanhã, os postos do INSS do Rio voltam a abrir, mas os funcionários não vão fazer a habilitação dos benefícios: a concessão de aposentadorias, pensões, auxílio-doença e perícias médicas continuará suspensa. "Até que a gente tenha, por parte do Ministério da Previdência, a segurança de que, ao conceder esse benefício, nós não vamos estar misturados aos fraudadores, as concessões vão estar paradas".

De acordo com a assessoria do INSS, a greve paralisou apenas os postos da capital: os 52 postos do interior fluminense funcionaram normalmente. Hoje à tarde, os funcionários se reúnem em assembléia, no centro da cidade, para fazer um balanço da greve e discutir as medidas que serão adotadas a partir de amanhã (14).

A dona-de-casa Luzia Ferreira, moradora de Vila Isabel, zona norte da cidade, enfrentou o transtorno de uma viagem perdida ao procurar o posto do INSS da Praça da Bandeira, na região central da cidade, que atende diariamente 700 pessoas. "Meu marido operado do coração, doente; eu deixo ele em casa e quando chego aqui, é isso aí. É difícil. Eu levantei às cinco e meia para organizar a vida e vir aqui", lamentou.