Percepção sobre corrupção no governo e interesse pelas investigações aumentam, segundo CNT

13/09/2005 - 13h46

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A percepção dos brasileiros sobre a corrupção se modificou nas últimas semanas, assim como o interesse pelas investigações do Congresso, de acordo com a pesquisa divulgada nesta terça-feira (13) pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).

Enquanto em julho 40,3% acreditavam que a corrupção tinha aumentado no governo Lula, agora são 54,5%. Na comparação com o governo anterior, a pesquisa mostra uma mudança de opinião. Em maio, a maior parte dos entrevistados (65,8%) acreditava que a corrupção no atual governo era menor ou igual à do anterior e 26,7% que ela era maior. Em setembro, 48,9% afirmaram que a corrupção é maior atualmente, e 44,4% disseram que ela é menor ou igual à do governo anterior.

O interesse dos brasileiros pelas denúncias de corrupção no país aumentou. Cerca de 44% dos brasileiros estão acompanhando as investigações e os trabalhos das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), contra 38,1% em julho. Outros 35,5% já ouviram falar nas denúncias e 15,2% não têm conhecimento ou não estão acompanhando o assunto.

Sobre a instância em que mais ocorre a corrupção também houve mudança: para 22,6% dos entrevistados, o problema ocorre mais no Poder Legislativo, para 16,1% no Executivo e para 12,7% no Judiciário. Em dezembro de 2003, o Executivo era considerado mais corrupto (21,1%), seguido do Legislativo (12,5%) e Judiciário (10,2%). Cerca de 33% responderam nos dois levantamentos que a corrupção ocorre em todos os poderes.

A atuação das CPIs que investigam as denúncias de corrupção (Correios, Compra de Votos e Bingos) é considerada ótima ou boa por 32,2% dos entrevistados, regular por 32,6% e ruim ou péssima por 29,6%. Já em relação ao resultado das CPIs, 24,1% acreditam que nenhum parlamentar envolvido nas denúncias será cassado. Cerca de 55% apostam na cassação de alguns deputados e 15,5%, na perda de mandato de todos os envolvidos.

Quatro deputados já respondem a processo disciplinar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados - Sandro Mabel (PL-GO), José Dirceu (PT-SP), Romeu Queiroz (PTB-MG) e Roberto Jefferson (PTB-RJ). Eles são acusados de operar o mensalão, receber dinheiro do PT para votar a favor do governo, tráfico de influência nas estatais e fazer caixa dois de campanha.

Outros 17 deputados citados no relatório conjunto da CPI dos Correios e da Compra de Votos responderão a processo por quebra de decoro parlamentar. São eles: José Janene (PP-PR), Pedro Correia (PP-PE), Pedro Henry (PP-MS), Sandro Mabel (PL-GO), João Magno (PT-MG), João Paulo Cunha (PT-SP), José Borba (PMDB-PR), Josias Gomes da Silva (PT-BA), Paulo Rocha (PT-BA), Professor Luizinho (PT-SP), Romeu Queiroz (PTB-MG), Vadão Gomes (PP-SP), Vanderval Santos (PL-SP), José Mentor (PT-SP), Roberto Brant (PFL-MG), José Dirceu (PT-SP) e Roberto Jefferson (PTB-RJ).

Depois de aberto o processo no conselho, os deputados não poderão mais renunciar ao mandato para evitar a cassação. Se forem cassados, eles perderão os direitos políticos até 2015. O deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ) fazia parte da lista das CPIs, mas renunciou ao mandato para evitar a cassação. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP), também optou pela renúncia antes mesmo da votação do parecer nas CPIs.

A pesquisa encomendada pela CNT foi realizada pelo Instituto Sensus, entre os dias 6 e 8 de setembro, em 195 municípios. Foram entrevistadas duas mil pessoas. A margem de erro é de 3% para mais ou para menos.