Fábio Calvetti
Da Agência Brasil
São Paulo – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) realizou o primeiro financiamento dentro de uma linha de crédito para que empresas brasileiras invistam no exterior. A linha foi criada em 2002, mas só no mês passado foi realizado o primeiro financiamento. De acordo com o presidente do banco, Guido Mantega, o programa ajudará as empresas nacionais a competirem no mercado exterior em igualdade com corporações estrangeiras.
A primeira empresa beneficiada com o programa de apoio à internacionalização foi o frigorífico Friboi, que recebeu do BNDES um financiamento de aproximadamente US$ 70 milhões para se tornar sócia majoritária da fábrica argentina Swift Armour. Com isso, segundo Mantega, a Frigoboi teve acesso a uma tecnologia de processamento de carne inexistente no Brasil e alcançou novos mercados, como o norte-americano, e passou a vender carnes enlatadas.
"Nesta fase de globalização, é muito importante que as empresas brasileiras disputem o mercado aqui dentro e lá fora, em pé de igualdade com as outras empresas, principalmente nos segmentos onde o Brasil demonstrou vantagens comparativas. Isso significa que as empresas brasileiras têm de ganhar musculatura e têm que competir com o exterior. Não basta você ser eficiente aqui dentro", afirmou Mantega durante o II Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas, realizado na capital paulista.
"O BNDES criou uma linha de apoio de financiamento para essas operações, que tem que resultar em aumento do superávit comercial. Ela tem que resultar em abertura do mercado, portanto, um superávit comercial maior", diz Mantega.
De acordo com o presidente do BNDES, o programa de apoio à internacionalização beneficiará principalmente as empresas exportadoras de produtos acabados. "Hoje tem uma competição internacional que implica em barreiras de cotas, barreiras tarifárias e você é obrigado a ter subsidiárias brasileiras no exterior, senão, você não entra nos mercados locais. Um exemplo flagrante disso é na área de siderurgia, onde todo o mundo protege o mercado de produtos acabados. Então, o Brasil se circunscreve a exportar minério de ferro e a exportar semi-acabados."
A linha de financiamentos para internacionalização já havia sido anunciada pelo banco em 2002, mas o projeto da Friboi foi o primeiro a ser aprovado. Guido Mantega afirmou também que, por enquanto, ainda não há novos projetos de apoio à internacionalização de empresas nacionais no BNDES, mas ele acredita que em breve novas empresas apresentarão projetos ao banco. "Eu tenho percebido que vai haver interesse por parte dos empresários porque, com a globalização, a competição internacional ficou mais acirrada e as empresas brasileiras têm que ganhar musculatura, têm que se tornar maiores, ter mais capital e ter uma operação no exterior."
Ainda não há restrição de valor para o apoio à internacionalização. Segundo Mantega, o limite dos valores financiados dependerá da demanda de empresas interessadas.