Aldo Rebelo diz que Lula ouviu sobre mensalão em março e mandou apurar

13/09/2005 - 16h15

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O deputado Aldo Rebelo (PCdoB) disse ao Conselho de Ética que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), em março deste ano, que havia na Câmara um suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares, o chamado "mensalão".

De acordo com Aldo, além dele, do presidente e de Jefferson estavam presentes na reunião o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, o líder do PTB, deputado José Múcio (PE), e o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Segundo Aldo, a declaração foi feita ao final da reunião e o presidente pediu a ele e a Chinaglia que apurassem os fatos. "O presidente disse que queria ser informado de qualquer novo fato", afirmou. Aldo então informou a Lula que a Corregedoria da Casa havia aberto processo para apurar denúncia publicada pela imprensa no final do ano passado.

Rebelo é uma das testemunhas de defesa no processo contra o deputado José Dirceu (PT-SP) no Conselho de Ética da Câmara. Aldo, que atuava como ministro a Articulação Política, disse que convenceu o ex-ministro José Dirceu a ir à casa de Roberto Jefferson (PTB-RJ) para pedir a retirada da assinatura no requerimento de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios.

Rebelo disse considerar que o depoimento do ex-funcionário dos Correios Maurício Marinho desmentindo ligações com Jefferson e as investigações da Polícia Federal tornavam desnecessária a abertura da CPMI. Segundo Rebelo, José Dirceu chegou a questionar se a atitude não o exporia demais. Mas, para o ex-ministro da Coordenação Política, as investigações realizadas naquele momento eram suficientes. "Se tivesse fato novo, a CPI poderia ser construída", afirmou.

Aldo Rebelo disse ainda que quando era líder do governo em 2003, não ouviu Jefferson falar da existência de um mensalão. O deputado do PCdoB afirmou ainda que nunca acreditou na hipótese disso existir.

O ex-ministro da Coordenação Política admitiu que apesar de algumas divergências políticas com Dirceu, o admira. "É uma das personalidades sobre as quais a natureza vai cunhando grandes virtudes e grandes defeitos. E esse é um traço das grandes personalidades".