Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro da Educação, Fernando Haddad, atribuiu hoje os dados do 5º Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf) ao "resultado de um certo descaso com a educação continuada no nosso país" no decorrer dos últimos anos.
Divulgada ontem no Dia Internacional da Alfabetização, a pesquisa, feita pelas organizações não-governamentais (ONGs) Instituto Paulo Montenegro e Ação Educativa, mostra que apenas um quarto da população entre 15 a 64 anos é totalmente alfabetizada.
O ministro deu entrevista ao vivo em rede nacional para rádios de todo país. E a conversa foi transmitida via Radiobrás. Para ele, a idéia da educação continuada é essencial. "A pessoa não pode parar de estudar ao longo de toda a sua vida nem se convencer de que, ao ler e escrever minimamente, ela já está habilitada; é um erro", comentou ele.
Além do ensino formal, a realização de cursos é um fator de promoção de habilidades de leitura e escrita, segundo o Inaf. Porém, essa prática ainda é restrita. Neste ano, 44% das pessoas entrevistas pela pesquisa nunca tinham feito um curso. Por outro lado, entre 2001 e 2005, aumentou o nível educacional da população, mas "os resultados da aprendizagem ainda são limitados", apontou o Inaf.
Haddad contou que "todos os programas de alfabetização até aqui não estavam integrados à educação continuada". O desafio, segundo o ministro, é convencer todo brasileiro, com apoio governamental, a permanecer ligado aos sistemas educacionais – independente da idade.
Os dados do Inaf mostram que, entre os brasileiros de 14 a 64 anos, só 47% chegaram a completar a 8ª série do ensino médio. "Isso que dizer que 63% não têm o nível escolar mínimo que a Constituição afirma ser direito de todos os cidadãos", informa a pesquisa.
Questionado se o Ministério da Educação (MEC) tem meios de reordenar a alfabetização plena, Haddad respondeu que "o MEC não só trouxe o Brasil Alfabetizado para o âmbito do ministério como o integrou com a educação continuada".
Lembrou que, antes, os programas de alfabetização não estavam sob a responsabilidade da Educação. "Nós estamos sensíveis a esse problema e o próprio instituto que divulgou esse indicador, que foi o Ibope, fez referência a essa nova política adotada pelo Ministério da Educação", destacou ele.
O programa Brasil Alfabetizado pretende atingir mais de 2 milhões de jovens e adultos neste ano. De acordo com o MEC, o número total de beneficiados somará, até dezembro, 5,4 milhões de pessoas. Lançado em 2003, o programa é destinado para quem tem mais de 15 anos. Os resultados do Inaf "confirmam que, sem o ensino fundamental completo, é baixa a probabilidade de consolidar um nível pelo menos básico de alfabetização".