Rio, 9/9/2005 (Agência Brasil - ABr) - O governo federal vai repassar R$ 4,7 milhões para remoção de 290 famílias que moram às margens da linha do trem na Vila Arará, em Benfica. Esses recursos fazem parte do convênio assinado hoje (9) entre o ministro das Cidades, Marcio Fortes; o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia; e o Ministério dos Transportes, representado pelo presidente da Companhia Docas do Rio de Janeiro, Antônio Carlos Soares Lima.
Segundo César Maia, o dinheiro será empregado na remoção e reassentamento das famílias, em casas que serão adquiridas pela prefeitura, e no pagamento de indenizações para aquelas que preferirem. Além do aspecto social, o prefeito destacou os benefícios econômicos que o projeto vai desencadear, já que a área é considerada um "gargalo logístico" do Porto do Rio.
"Esse projeto é ao mesmo tempo social e trata do desenvolvimento econômico. O transporte de cargas em direção ao Porto do Rio vinha sendo prejudicado e a empresa transportadora já transferia as cargas para outros portos por causa dos riscos", disse César Maia.
Nas imediações da Vila do Arará, os trens de carga são obrigados a reduzir a velocidade a até 5km por hora – a velocidade média é de cerca de 60km por hora. Além de tornar mais lenta a movimentação, há, ainda, os problemas com freqüentes saques. Segundo o ministro Marcio Fortes, "os trens passam no local quase parando devido à proximidade com as casas e por causa das pessoas que cruzam a linha férrea".
Para Raimundo Antônio Ferreira, presidente da Associação de Moradores da Vila Arará, a situação das famílias é caótica e esse projeto é emergencial. "O local é muito perigoso. Há casas que ficam a uma distância de 40 centímetros da linha do trem. O risco é enorme, principalmente para as crianças que, se tropeçarem, podem cair na linha ferroviária", disse. Na opinião dele, os moradores preferem, ao invés de receber indenização, ser transferidos para casas na própria comunidade.
O ministro das Cidades informou que esse projeto vai ser ampliado e deve beneficiar outras famílias da região. "Nós estamos enfrentando o problema das famílias que moram ao longo da linha férrea, mas temos a seguir que tratar a questão das famílias que estão sob a ponte. Logo que terminarmos essa área, vamos cuidar do Parque Erédia de Sá e do Parque Alegria, que são comunidades vizinhas", disse ele.
A Vila do Arará e o Parque Erédia de Sá já vinham sendo beneficiados pelo programa Favela-Bairro, da prefeitura do Rio, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Por meio do programa, 11.132 moradores tiveram acesso a redes de água e esgoto, drenagem e iluminação pública.