Danielle Coimbra
Da Agência Brasil
Brasília – O projeto de Lei 4776, que trata da gestão de florestas públicas, também vai englobar a Caatinga. Mas esse não será um acontecimento imediato por que há falta de informações sobre as terras públicas da região, segundo aponta Maria Auxiliadora Gariglio, engenheira florestal da Unidade de Apoio do Programa Nacional de Florestas (PNF), no Nordeste, do Ministério do Meio Ambiente.
"A grande maioria das terras da Caatinga hoje são de domínio privado. Talvez existam áreas públicas no Piauí, Maranhão e oeste da Bahia, mas precisamos de um levantamento", explicou ela.
Por esse motivo, "talvez o projeto de Lei venha para ajudar nessa busca de informações, já que ele terá o papel fundamental de articular as ações para aumentar a assistência técnica [ferramenta de formação criada pelo Ministério do Meio Ambiente que destina, sobretudo, para quem faz manejo em pequena escala, como é caso das comunidades] e as ações de desenvolvimento".
Um estudo realizado pela Unidade de Apoio do PNF mostra que entre os anos de 1985 e 1996 a parcela de matas nativas na Caatinga era de 8%, enquanto a de florestas plantadas correspondia a 10%.
Nesse período, a agricultura retrocedeu, com o abandono das lavouras temporárias e permanentes e o incremento das áreas ocupadas pela vegetação nativa. Nos pólos industriais, com o crescente consumo de lenha e carvão, houve também uma redução das áreas de matas nativas.
Porém, hoje a região já conta com uma experiência prática para o manejo de lenha. De acordo com o estudo, o impacto dessa exploração sobre a conservação de solos e águas é positivo e seus custos são baixos. Maria Auxiliadora Gariglio contou que grande parte da extração de lenha na Caatinga ainda não ocorre nas áreas manejadas de forma sustentável.
Segundo ela, é preciso convencer os donos de indústrias a se integrarem com as comunidades rurais para promover esse tipo de manejo. "Já existem técnicas comprovadas de manejo da vegetação e que, se usadas corretamente, possibilitará que essa vegetação dure para sempre", contou ela."A área (de manejo sustentável) ainda é pequena, mas as pessoas estão começando a perceber que o futuro das empresas vai depender disso, porque a cada ano elas estão buscando lenha mais longe."