Valtemir Rodrigues
Da Voz do Brasil
Brasília – A transformação do lixo em fonte de renda é o tema do 4º Festival do Lixo e Cidadania que se realiza em Belo Horizonte. Os participantes discutem as alternativas para o tratamento do lixo e propõem políticas públicas para o setor. O encontro é apoiado pelos ministérios do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia. Os catadores de lixo e o governo discutem formas para melhorar a realidade social e ambiental.
O catador de material reciclável da Associação dos Catadores de Lixo de Contagem (MG), Gilberto Chagas, faz a coleta e consegue, ao fim de cada mês, uma renda de R$ 400. Para ele, seu trabalho contribui para a sociedade. "Esse não é problema só do catador, é de toda a sociedade. O cidadão pensa jogando o lixo na lixeira. A coleta convencional pega ele, acha que o problema está resolvido. Aí é o começo de todo o problema", disse.
Para a secretaria de Articulação Institucional do Ministério do Desenvolvimento Social, Eliana Tavares Campos, é importante discutir a questão sócio-ambiental. "A importância, num país onde temos um desemprego tão grande, é social porque está oferecendo oportunidade de renda para as famílias dos catadores; é ambiental porque está reciclando o material que seria lixo e ele tem um valor muito grande para levar crescimento ao país, porque preserva o ambiente e gera trabalho e renda".
Segundo Eliana, trata-se de um projeto no qual vale a pena investir, uma vez que inclui pessoas que estão socialmente excluídas. Ela disse que considera os catadores de lixo verdadeiros ambientalistas. "Eles separam o material que seria jogado no lixo e levam esse material para o processo industrial".
Calcula-se que no país mais de 2 milhões de trabalhadores exercem essa atividade, 150 mil só com a reciclagem. No Brasil são produzidas por 240 mil toneladas de lixo por dia, dos quais apenas 2% são reciclados e 59% chegam aos lixões sem nenhum tratamento que proteja a natureza.