Durante audiência no Senado, Amorim responde às críticas de que não dá atenção aos EUA

31/08/2005 - 13h45

Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (31) que a idéia de que o Brasil não estaria dando atenção aos Estados Unidos na questão comercial, veiculada por certos setores da imprensa brasileira, "é totalmente falsa porque nunca cresceram tanto as nossas exportações para esse país".

A afirmação foi feita durante audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, quando fez um balanço da atuação do seu ministério nos 32 meses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Ali, Amorim rebateu "a posição de embate" da mídia nacional às ações de sua pasta.

Em outro ponto, o ministro Amorim lembrou que, na lista dos 31 mercados para onde o Brasil mais exportou nos últimos seis meses, os dez países onde houve maior crescimento são os em desenvolvimento. Encabeçada pela Índia e seguida pela Rússia e Nigéria, a lista traz nomes de cinco países sul-americanos – quatro deles da Comunidade Andina. São eles: Venezuela, Peru, Equador, Colômbia e Argentina.

Tailândia e África do Sul completam esses primeiros colocados. "O fato que é que a política externa que tem procurado enfatizar relações com esses países e ela tem dado resultado prático", destacou.

De acordo com Amorim, somente para a Nigéria, país com o qual o Brasil mantém um comércio bilateral que envolve a importação de petróleo, no primeiro semestre a balança comercial chegou a R$ 400 milhões. "Sinal de que pode chegar a perto de R$ 1 milhão e isso foi antes da ida da missão do ministro Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio)".

Ao falar das exportações brasileiras para países árabes, Amorim disse que elas subiram 45% entre 2003 e 2004 e cerca de 20% nesse ano, em cima desse crescimento registrado anteriormente. Além dos números, Amorim citou exemplos que "revelam a importância dessas relações", como a venda de 700 ônibus para o Katar, ainda durante a preparação da Cúpula América Latina-Países Árabes, e os 15 aviões da Embraer para a Arábia Saudita. "Isso são coisas importantes uma vez que as decisões comerciais desses países são decisões políticas", observou.

Ao aproveitar a oportunidade para "falar dos fracassos", Celso Amorim lembrou, por exemplo, a derrota da indicação brasileira do embaixador Seixas Correia à Organização Mundial do Comércio (OMC). No entanto, adverte Amorim, "nossa posição não foi leviana e o episódio não chegou a afetar o prestígio brasileiro no âmbito internacional".

Com relação aos votos na Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, Amorim destacou que tem lido muito que o voto é ideológico e que o Brasil comprometeu as suas posições e princípios. "Cuba é o caso mais citado, e o Brasil sempre se absteve desde os governos anteriores", apontou.

Segundo ele, o que tem ocorrido é que um número maior de países da América do Sul tem votado junto com o Brasil. "O que nós estamos procurando com os países em desenvolvimento é ter parcerias operacionais que possam efetivamente melhorar as condições do exercício da democracia, da reforma social e da liberdade para todos."