Lula diz em Uberlândia que paciência evita decisões precipitadas

30/08/2005 - 19h21

Ana Paula Marra e Nelson Motta
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - Antes de deixar a cidade de Uberlândia (MG), onde participou hoje (30) da cerimônia de inauguração da reforma do aeroporto da cidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar da crise política, que disse considerar "extremamente grave". Por isso, acrescentou, "é preciso ter muita paciência para não tomar nenhuma decisão precipitada" e "saber utilizar os instrumentos de que o Estado dispõe para fazer todas as investigações necessárias". Esses instrumentos, lembrou, são a Controladoria Geral da República, a Polícia Federal, o Ministério Público e o Congresso Nacional, por meio das Comissões Parlamentares de Inquérito já instaladas.

Em seu discurso, Lula citou novamente o ex-presidente Juscelino Kubitschek: "Sexta-feira (26) eu me espelhei em um mineiro que possivelmente tenha sido mais acusado do que eu. Os mais velhos se lembram do que os que hoje me atacam faziam com Juscelino. Juscelino, várias vezes, apareceu nas primeiras páginas dos jornais deste país como ladrão. Tentaram cassá-lo duas vezes, tentaram dar golpe de Estado, tentaram matá-lo, inclusive. E Juscelino nunca perdeu a paciência", disse o presidente.

Ele citou ainda Jânio Quadros, que sucedeu Juscelino Kubitschek e, "pouco tempo depois, renunciou, denunciando forças ocultas. Depois veio João Goulart, que foi cassado. E eunão falei ainda do Getúlio que, por acusações não provadas, foi levado à morte". Segundo Lula, "a paciência é a única coisa que permite que tenhamos esperança de ver este país fazer justiça".

Sobre a CPI que apura denúncias de corrupção, o presidente disse confiar no trabalho dos deputados e senadores. "Eu estou pedindo a Deus que esta CPI, ao terminar o seu trabalho, apresente quem são os culpados, que a justiça julgue os culpados, e quem cometeu erro, quem cometeu qualquer crime contra o patrimônio público seja duramente punido", ressaltou.