Tião Viana diz que Palocci está à disposição do Senado para esclarecer denúncias

22/08/2005 - 17h50

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O primeiro vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), disse que o ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho, está à disposição da Casa para tirar qualquer dúvida a respeito das denúncias feitas ao Ministério Público do Estado de São Paulo pelo seu ex-assessor na prefeitura de Ribeirão Preto, Rogério Buratti. Tião Viana disse ter conversado com o ministro, ontem, por telefone, logo após a entrevista coletiva concedida no Ministério da Fazenda.

Quanto à expectativa sobre o depoimento de Buratti na próxima quarta-feira na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, Tião Viana espera que o advogado apresente provas das denúncias que fez no Ministério Público, na sexta-feira passada. Esta também é a expectativa do relator da CPI, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN).

"Defendo que ele dê a versão dele e que não seja uma mera repetição do que disse ao Ministério Público", afirmou o relator. Garibaldi Alves espera que Buratti apresente, na CPI, novos fatos e provas do que tem declarado sobre o envolvimento de Palocci com o recebimento de propinas de empresas de lixo e saneamento básico.

O relator da CPI dos Bingos acredita que Rogério Buratti "tem muito o que falar" sobre sua participação nas negociações entre a multinacional Gtech e a Caixa Econômica Federal (CEF) no processo de renovação de contrato na área de serviços lotéricos. Garibaldi também espera de Buratti, esclarecimentos no que diz respeito a sua negociação com empresários ligados a casas de bingos.

Ele não vê qualquer motivo, no momento, para que se convoque o ministro da Fazenda a depor na CPI. "O Palocci se mostrou muito convincente na entrevista e se o Buratti mantiver o que disse ao Ministério Público não tem porque chamá-lo para depor na comissão", afirmou.

Os senadores do PSDB e do PFL também concordam que Palocci foi firme e convincente na entrevista coletiva deste domingo. No entanto, senadores dos dois partidos consideram fundamental que as investigações sobre um possível pagamento de propina por empresas de lixo em municípios paulistas, inclusive Ribeirão Preto, tenham seqüência. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que "o ministro foi convincente para muita gente o que deu alívio ao mercado". Acrescentou, no entanto, "que isso não nos desobriga de apurar as denúncias".

Já o líder da minoria no Senado, José Jorge (PFL-PE), disse que não tem como se paralisar as investigações. Para ele, o depoimento de Buratti na CPI, se tiver consistência, pode comprometer a permanência de Palocci a frente do Ministério da Fazenda. "Eu considero que, dependendo do que o Rogério Buratti disser na próxima quarta-feira a situação dele pode ficar bastante instável no governo", afirmou o pefelista.