Renan Calheiros lança em Recife campanha pelo ''sim'' no referendo do desarmamento

22/08/2005 - 18h27

Recife, 22/8/2005 (Agência Brasil - ABr) - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) afirmou que o primeiro passo para substituir o medo pela cultura da concórdia e da solidariedade foi dado hoje com o lançamento, na capital pernambucana, da Frente Parlamentar Brasil sem Armas.

O grupo – formado por representantes da Câmara, Senado, governos estaduais e municipais, além de Ministério Público, organizações não-governamentais, Ordem dos Advogados do Brasil e instituições de defesa dos direitos humanos – vai coordenar a campanha nacional de mobilização pelo "sim" no referendo de 23 de outubro, quando a população irá às urnas definir se o comércio de armas de fogo e munições deve ser proibido no país.

De acordo com Calheiros, o movimento iniciado em Pernambuco será desencadeado em todo o país, "mas ganhará visibilidade quando forem veiculadas as peças publicitárias no rádio e na televisão, a partir de 1º de outubro". O senador enfatizou que "estamos transferindo para a sociedade uma decisão transcendental sobre um assunto controverso, de fundamental importância para um país como o nosso, recordista mundial em homicídios por armas de fogo". O Brasil tem menos de 3% da população do mundo e registra anualmente de 10% a 13% dos crimes que ocorrem no planeta, acrescentou.
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O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), afirmou na solenidade de lançamento da campanha que é preciso dizer sim à vida, à paz e à segurança, acrescentando que cada pessoa tem um papel fundamental para barrar a onda de violência, sobretudo por arma de fogo. A arma, lembrou, "traz a ilusória sensação de segurança, embora possa potencializar o risco de morte". Jungmann lembrou ainda que mais da metade das 18 milhões de armas de fogo existentes atualmente no país são ilícitas.

O secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Elias Gomes informou que 70% dos homicídios que ocorrem em Pernambuco são praticados com armas de fogo. E o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no estado, Júlio Oliveira, lembrou que enquanto a campanha estava sendo lançada, morreram oito pessoas no país, vítimas de disparos por armas de fogo.

A jovem Mozana Cavalcanti, que ficou paraplégica em conseqüência de um tiro que atingiu a medula óssea, durante um assalto a mão armada na praia de Boa Viagem, em janeiro de 2003, disse considerar a campanha importante "para evitar que outras pessoas tenham a vida prejudicada ou interrompida por atos de violência".

As próximas cidades que receberão a Frente Parlamentar Brasil sem Armas são o Rio de Janeiro, Fortaleza, Curitiba, Goiânia e Brasília.