Ações na Transamazônica e em Rondônia serão as primeiras avaliadas em pólos do ProAmbiente

05/08/2005 - 12h59

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus - A análise técnica das atividades sustentáveis de geração de renda já desenvolvidas nos pólos da Transamazônica e de Rondônia será o primeiro dos oito projetos de avaliação, reconhecimento e validação científica de iniciativas inovadoras em três pólos pioneiros do Programa de Desenvolvimento Socioambiental da Produção Familiar Rural (ProAmbiente).

"O objetivo é comprovar cientificamente que elas possuem sustentabilidade econômica, além de ambiental. Com isso, poderemos influenciar as carteiras de crédito do Banco da Amazônia", explicou Luciano Mattos, assessor da diretoria da Embrapa e ex-gerente nacional do ProAmbiente. Em setembro, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) dá início ao programa, uma parceria com a organização não-governamental Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

O segundo projeto será desenvolvido com o mesmo público: os pesquisadores identificarão a percepção social que os agricultores possuem dos serviços ambientais. "Queremos verificar como esses serviços estão sendo compreendidos pelas comunidades que participam do programa", esclareceu Luciano.

O terceiro projeto criará um modelo matemático para fornecer indicadores de avaliação dos serviços ambientais prestados pelos agricultores. "Precisamos de índices que meçam a qualidade do solo e das águas, por exemplo. Depois estudaremos quais indicadores serão utilizados na construção e implementação da política pública de compensação dos serviços ambientais. Mas eles servirão também para se efetuar uma readequação do programa, dentro de quatro ou cinco anos", declarou o pesquisador.

Os projetos quatro, cinco e seis são mais de desenvolvimento do que de pesquisa. "Precisamos testar em campo oportunidades já identificadas", justificou Mattos. O projeto quatro implementará em Roraima tecnologias para reduzir o risco de fogo, como o cultivo de plantas não-inflamáveis no meio da plantação (barreiras vivas). O quinto experimentará na Transamazônica tecnologias de diversificação de sistemas florestais e agropastoris, que promovam o aproveitamento permanente e equilibrado do solo, evitando o sistema corte-queima. O sexto, executado em Rondônia, estudará a integração e a relação de sistemas florestais e agropastoris já consolidados.

O sétimo e o oitavo serão no pólo pioneiro da Transamazônica. Um levantará dados da produção dos agricultores familiares para identificar as atividades nas quais a venda do crédito de carbono teria viabilidade econômica. O outro fará o monitoramento por satélite das atividades produtivas, a fim de avaliar o uso desse equipamento para acompanhar ações em pequena escala.

"O Protocolo de Quioto estabelece que o crédito de carbono vendido tem que vir de áreas reflorestadas. Mas o Brasil é o único dos dez maiores emissores mundiais de carbono onde 70% da poluição vêm de queimadas, não da atividade industrial. Embora a rigor manter a floresta não signifique recuperar carbono, na prática equivale a evitar que ele seja perdido", explicou Mattos.