Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus – O governo federal já repassou à Universidade Federal de Roraima (UFRR) R$ 150 mil para a construção da estrutura física do Núcleo Inskiran, responsável pela formação de professores indígenas. "Hoje o curso de Licenciatura Intercultural funciona em salas cedidas pelas outras faculdades, sem uma área administrativa própria", explicou Carlos Alberto de Souza, chefe de gabinete da reitoria da UFRR. A verba financiará a construção de uma estrutura de 185 metros quadrados de área, com dois banheiros e quatro salas. "A licitação ocorrerá em agosto, as obras devem começar em setembro e vão durar 120 dias", informou Gioconda Martinez, pró-reitora de Planejamento e Infra-Estrutura da UFRR.
O Núcleo Inskiran – nome de um herói indígena mítico – surgiu em 2002, mas a primeira turma do curso de Licenciatura Intercultural foi criada no ano seguinte, com 60 alunos. Hoje já conta com 180 estudantes das etnias Macuxi, Wapixana, Taurepang, Wai-wai, Ingarikó e Yekuana. "O curso tem quatro anos e meio de duração e forma professores para o ensino fundamental e médio. Nos primeiros dois anos, as disciplinas são comuns. Depois, o aluno opta pela habilitação em Ciências Sociais, Comunicação e Artes ou Ciências da Natureza", esclareceu Maxim Repetto, coordenador pedagógico do núcleo. Segundo dados da Organização dos Professores Indígenas de Roraima (Opir), há 640 professores indígenas trabalhando no estado.
Repetto contou ainda que o governo do estado não repassou a verba de R$ 100 mil reais que deveria financiar os gastos operacionais do Inskiran no primeiro semestre deste ano. "Nós celebramos com o governo do estado um convênio em 2003, mas temos dificuldades no seu cumprimento. Por isso estamos nos inscrevendo até sexta-feira para concorrer ao edital do PróLind", afirmou ele. O edital 5/2005 do Programa de Formação Superior e Licenciatura para Indígenas (PróLind) do Ministério da Educação (MEC) disponibiliza até R$ 500 mil reais por instituição, a serem gastos em 14 meses.
No dia 19 de abril, logo após a homologação em área contínua da terra indígena Raposa Serra do Sol, o coordenador do Inskiran, Fábio Almeida de Carvalho, foi vítima de um atentado: uma bomba caseira foi jogada na casa dele e atingiu seu carro. Uma aluna do curso de Licenciatura Intercultural e também coordenadora da OPIR, Pierlângela Nascimento, recebeu ameaças anônimas de morte. "O Fábio e a Pierlângela contaram com proteção da Polícia Federal, na ocasião, mas agora a situação está mais calma", informou Repetto.