Spensy Pimentel
Enviado especial
Teresina - Marizete Paz, 41, é professora do ensino médio em São Raimundo Nonato (540 km de Teresina, no sudeste do estado, 27 mil habitantes, segundo ela). Desde 2004, a escola em que ela trabalha conta com uma antena e um computador com acesso à internet do programa Gesac, do Ministério das Comunicações.
Ela conta que o computador é utilizado basicamente para "pesquisas". Os professores têm acesso livre ao equipamento. "Os alunos, só quando estão com a gente. Foi restrito o acesso depois que os meninos começaram a acessar site pornô", conta ela.
A professora é uma das cerca de 100 participantes do encontro de capacitação que o Ministério das Comunicações promove esta semana em Teresina, em parceira com o governo do estado. A experiência dela com o Gesac ilustra vários problemas que o programa, em nova fase este ano, vem tentando resolver.
Dos 3,2 mil pontos atualmente instalados do Gesac, cerca de 75%, ou 2,4 mil, estão em escolas públicas - foi uma forma que o governo federal encontrou em 2003 de entrar rapidamente com o programa em operação, porque o contrato para a instalação do Gesac entrou em vigor no fim de 2002.
Em muitos municípios, como em São Raimundo Nonato, em vez de servir à comunidade local, os computadores passaram a ser utilizados apenas pelas escolas. Às vezes, nem isso. "Na minha cidade, os computadores ficaram parados quase dois anos. Agora é que será aberto para a comunidade", conta Francisco Mariano Jr., aluno do 1º ano do ensino médio em Cocal da
Estação (390 km de Teresina, norte do Piauí, cerca de 28 mil habitantes, segundo ele). Em vários locais, os equipamentos ficaram guardados, à espera de capacitação para seu uso.
Francisco, que também participa da capacitação em Teresina esta semana, passará a ser monitor do laboratório de informática equipado com o Gesac na escola dele. A Secretaria de Educação do Piauí vai conceder uma bolsa para que ele atue como monitor do programa.
A ação do governo do Piauí faz parte de um acordo a ser assinado com o Ministério das Comunicações, que está inaugurando uma "nova fase" do Gesac este ano. Segundo o diretor de Serviços de Inclusão Digital do ministério, Antonio Albuquerque, a idéia é que, a partir da presença dos equipamentos e do acesso livre a serviços como correio eletrônico, televisão e rádio via internet, criação de página eletrônica da comunidade, os pontos Gesac se constituam em centros de produção de informação e cultura.
Além da atual limitação no uso dos equipamentos, o Gesac também está buscando as parcerias para equipar melhor os pontos. Em muitos casos, como na escola em que a professora Marizete trabalha, só existe um único computador do Gesac, que é mais potente e pode ser utilizado como servidor para várias máquinas.
O anúncio da abertura dos laboratórios do Gesac já gera expectativa em participantes do evento. "Nós temos muitos talentos por lá e agora vamos poder dar oportunidades", diz a professora Marizete.