Movimentos do campo protestam em frente à embaixada do Reino Unido contra morte do brasileiro

26/07/2005 - 13h14

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Cerca de 20 militantes de movimentos de agricultores realizaram ato público, em frente à embaixada britânica, contra o assassinato do eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes, confundido com um terrorista. "Matar para depois ver se a pessoa é inocente é uma prática inaceitável para a sociedade", afirmou Altair Bunde, da direção da Via Campesina e do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

"Lamentavelmente, é um brasileiro, mas tantas e tantas outras pessoas morrem no dia-a-dia por práticas extremamente violentas e autoritárias", disse Bunde. Jean Charles vivia legalmente em Londres e foi morto a tiros no metrô, na sexta-feira passada, por policiais que procuravam os terroristas responsáveis pelo ataque à cidade este mês. Jean Charles, de 27 anos, levou oito tiros, sete deles na cabeça e um nas costas.

Em frente à embaixada, os manifestantes colocaram flores e velas e fizeram um minuto de silêncio. Como costumam fazer com companheiros mortos, o nome de Jean Charles foi dito em voz alta e todos gritaram "presente" três vezes.

Duas faixas de protesto foram colocadas no muro da embaixada. Uma delas trazia os dizeres: "Jean Charles de Menezes – mais uma vítima do terrorismo do Estado". Na outra, os manifestantes pedem a retirada das tropas britânicas do Iraque.

Altair Bunde defendeu a necessidade de medidas para evitar novas mortes. "São milhares de brasileiras e brasileiros que vivem hoje no exterior, nos Estados Unidos, na Inglaterra, e sem dúvida nenhuma estão vivendo em pânico porque o que aconteceu com o Jean pode acontecer com tantos outros que lá estão", justificou.

O ato foi organizado pela Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).