Spensy Pimentel
Enviado especial
Teresina – Em paralelo aos programas públicos de inclusão digital, as tecnologias da informação avançam nas pequenas comunidades do sertão nordestino. Entre os participantes do encontro de capacitação em inclusão digital promovido esta semana pelo Ministério das Comunicações, na capital piauiense, vários professores e alunos do interior do estado já utilizam, de alguma forma, computadores pessoais, seja em casa, na escola, ou nas chamadas lan houses, ou cybercafes, que vendem acesso à internet e ao uso de computadores.
Segundo o diretor de serviços de Inclusão Digital do ministério, Antonio Albuquerque, a oportunidade de gerar desenvolvimento pode se tornar a marca dos programas públicos.
"Esses pequenos estabelecimentos que vendem o acesso à tecnologia auxiliam no processo de inclusão digital, mas o objetivo dos programas públicos é completamente diferente. A lan house é paga, você utiliza ali um software proprietário. Já nós queremos criar centros de produção cultural e de conteúdo, favorecer a articulação na comunidade. Temos uma concepção de sociedade", argumenta ele, lembrando que o Gesac, programa de inclusão digital do ministério, utiliza os chamados softwares livres, programas cujo uso, manutenção e aperfeiçoamento é livre.
"A gente usa a lan house, mas o dinheiro é curto por lá, falta emprego na região", diz Francisco Mariano Jr., um dos participantes dos eventos esta semana em Teresina. Aos 20 anos, ele é aluno do ensino médio em Cocal da Estação (390 km de Teresina, norte do Piauí, cerca de 28 mil habitantes, segundo ele).
Graças a seu interesse pela informática, Francisco conta que já ganhou várias bolsas de estudo e, agora, vai se tornar monitor no laboratório do Gesac na escola, que deve ser aberto à comunidade nos próximos meses.
Larissa Santos Oliveira, 15, é estudante em São João (sul do Piauí, cerca de 18 mil habitantes, segundo ela). Ela também participa dos eventos de capacitação para a inclusão digital esta semana na capital piauiense. Conta que aprendeu a lidar com o computador na casa do irmão, que mora em Teresina. Na escola em que estuda, há uma única máquina conectada à internet via satélite por meio do Gesac. O uso ainda é vetado aos alunos, mas ela diz que usa "de penetra". "Eu gosto de fuçar nessas coisas", diz.