Michèlle Canes
Da Agência Brasil
Brasília - Mostrar ao homem do campo que é possível aumentar a produção rural sem prejudicar o meio ambiente é o objetivo do Programa de Gestão Ambiental Rural, uma parceria do Ministério do Meio Ambiente com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). A informação é do diretor de Gestão Ambiental do ministério, Roberto Vizentin, e do coordenador nacional do Gestar, Carcios Azevedo.
Segundo Vizentin, o projeto foi criado em 2001 e implantado em 2003. Hoje são dez pólos em todo o país e a previsão é de que esse número aumente até o ano que vem. "Há uma reivindicação para que o projeto seja instalado em outras regiões. Hoje são ao todo 200 municípios em dez pólos. Há uma projeção de instalar mais dez até 2006" disse.
A região do Ariranha, em Santa Catarina, e municípios do Mato Grosso já podem ser citados como exemplos de sucesso do Gestar. No município catarinense, a criação de porcos da comunidade estava contaminando o rio.
Roberto Vizentin conta que eram numerosos os casos de doença na população local. Para resolver o problema, foi feita uma parceria com o Ministério de Minas Energia, o que possibilitou a criação de biodigestores, que estão em fase de construção. Esse equipamento transforma as fezes dos animais em energia e adubo. O produto pode ser aproveitado pela comunidade.
No caso do Mato Grosso, Azevedo conta que a solução para conter as queimadas e a derrubada de árvores para formar pasto foi a criação das chamadas pastagens ecológicas. Segundo ele, a pastagem é recuperada com a fertilização orgânica do solo e o plantio de árvores, o que não impede que os animais continuem se alimentando.
"O gado convive no meio de vegetação maior e se alimenta com uma pastagem de melhor qualidade, porque é orgânica. Com isso a gente diminui o número de áreas degradadas, porque os produtores começam aproveitar melhor a sua pastagem, sem precisar desflorestar", disse. Com a pastagem ecológica, a produção do leite tem aumentado, gerando mais renda para as famílias locais.
Cada pólo recebe cerca de R$ 300 a R$ 400 mil. O objetivo agora é tornar o projeto uma política pública de Estado. A próxima área beneficiada com o programa é a região do Vale do São Francisco.