Modelo de censo econômico pode ser útil para um país como a China, diz economista

23/07/2005 - 11h07

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - A economista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Magdalena Cronemberger Góes, disse à Agência Brasil que tentará mostrar às autoridades chinesas que, dependendo do estágio de avanço do sistema estatístico, o modelo de Censo Econômico tradicional pode ser um instrumento muito útil para aquele país, que precisa conhecer sua estrutura produtiva, ainda mais levando em conta as transformações recentes ocorridas naquela economia.

Ela vai participar do workshop internacional sobre Censo Econômico, que começa no dia 26 em Beijing, na China. Promovido pelo Departamento de Estatísticas das Nações Unidas e pelo Instituto Nacional de Estatística da China, o evento reunirá representantes de institutos de estatística de 29 países.

O último Censo Econômico do IBGE foi realizado em 1985, cobrindo as atividades da indústria, comércio e serviços, uma vez que para o setor da agricultura existe um estudo específico, que é feito em separado. Segundo Magdalena, nesse censo, o IBGE levantou "in loco", isto é, através de visitas de seus técnicos, 1,3 milhão de empresas. Hoje, para fazer um censo semelhante, seria necessário visitar pelo menos 3,5 milhões do total de 4 milhões de médias e grandes empresas existentes no Brasil.

A economista destacou que, para as Pesquisas por Amostra, são visitadas apenas 170 mil empresas. "Com informações de 170 mil empresas, o IBGE é capaz de dar um quadro sobre a estrutura produtiva do país (indústria, comércio e serviços) da mesma qualidade que aquele censo que ia a todas as empresas", afirmou.

Ela esclareceu que as empresas que têm peso maior na estrutura produtiva, que são as grandes e médias, com mais de 20 pessoas ocupadas (comércio e serviços) e mais de 30 empregados (indústria e construção) são visitadas todos os anos. "O IBGE faz um censo para elas. Essas empresas representam menos de 20% do total mas, em produção, equivalem a mais de 80% do total. Para o restante das empresas, é feita uma amostra".

Outra vantagem das Pesquisas por Amostra sobre os antigos Censos Econômicos é a agilidade de divulgação dos resultados. Segundo a economista, os resultados do último Censo de 1985, o último, só surgiram quatro ou cinco anos depois."Hoje, usando todas as facilidades em termos de informática e comunicação, o IBGE consegue dar uma informação em relação ao ano de referência em no máximo 18 meses depois", destacou.

Magdalena fez questão de reiterar que o Brasil e o IBGE não estão inventando um sistema novo de estatística. "O interessante é mostrar como um país em desenvolvimento como o Brasil, que não dispõe da totalidade de recursos disponíveis, inclusive financeiros, conseguiu fazer uma transição para um sistema mais racional e eficiente. Eu acredito que a gente pode mostrar na China como é factível um país em desenvolvimento fazer esse tipo de transição". O seminário se estenderá até o dia 29 deste mês.