Daisy Nascimento
Repórter da Agência Brasil
Rio - A Polícia Militar do Rio vai construir uma torre blindada, de 20 metros de altura, no Complexo da Maré, para combater a violência na área. A obra já recebeu o sinal verde do Secretário de Segurança, Marcelo Itagiba, e vai entrar agora em fase de licitação. O Complexo da Maré, localizado na Avenida Brasil, um dos principais acessos à cidade, reúne 17 comunidades pobres.
A torre terá capacidade para até seis policiais, que vão poder vigiar as ruas e, principalmente, as lajes das casas. Muitas vezes, os bandidos se escondem nas lajes ou usam essas áreas para acompanhar a movimentação na favela, dificultando a atuação da polícia. A torre também terá uma base de apoio para fuzil, que permitirá aos policiais atirar, em caso de confronto, protegidos pela blindagem.
De acordo com o tenente-coronel Mário Sérgio Brito Soares, relações públicas da PMRJ, o projeto piloto anda não tem data para ser implantado, mas deve ser estendido a outras comunidades, caso a experiência dê certo. Ele disse que o combate à violência não pode se limitar à cobrança de uma ação policial. "É utópico pensar que, somente nas ações, nós vamos resolver problemas basilares; problemas que não estão sendo tratados nas causas", destacou.
Dados do Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o Complexo da Maré tem 14.270 crianças entre 7 e 14 anos de idade, das quais mais de 10% estão fora das salas de aula. "Elas são potencialmente cooptáveis pelo tráfico de drogas, porque não têm um horizonte, não enxergam luz no fim do túnel", frisou Soares.
Para o tenente-coronel, é injusta a cobrança de que cabe à Polícia Militar resolver a questão da violência na cidade. "É preciso cobrar a prisão das pessoas que desviam milhões de reais que poderiam que ser usados na educação, saúde, emprego. O dinheiro tem de ser repatriado desses paraísos fiscais", afirmou.
Soares defendeu o controle do crescimento das cidades e o monitoramento da natalidade nas famílias de baixa renda. "Violência é um grande bolo, e uma das fatias é o índice criminal. Mas, quando se fala de violência, cobra-se só da polícia. Violência é não cuidar da saúde das pessoas, violência é a falta de emprego, a falta de estudo, tudo isso é violência", ressaltou.