Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Um jantar na capital federal deve reunir hoje (5) boa parte do pensamento econômico de dentro e fora do governo, além de uma parcela considerável das entidades e empresas que formam o Produto Interno Bruto (PIB) do país. No centro da mesa, uma idéia que vem recheando páginas de jornais nas últimas semanas, provocando elogios de empresários, governistas e oposição, mas que é alvo de críticas fortes da esquerda e da sociedade civil.
A recepção é organizada pelo ex-ministro da Fazenda e deputado federal Delfim Netto (PP-SP) e o assunto principal é sua idéia de zerar o déficit fiscal do país. Atualmente, o governo brasileiro gera um superávit primário – o que significa que gasta menos do que arrecada, se não forem levados em consideração os gastos com juros da dívida. Apesar de gerar grandes superávits primários, o país continua com um rombo nas contas por causa do gasto com juros. A idéia de Delfim é zerar essa conta.
As metas de compromisso fiscal (espécie de economia de dinheiro que o país se compromete a fazer para pagar suas dívidas) têm como objetivo principal manter a confiança da sociedade e dos mercados de que o país é capaz de pagar o que deve, e reflete significativamente na classificação de Risco País feita por agências especializadas.
Hoje, o país realiza como política fiscal o superávit primário (diferença entre o que a União arrecada e o que ela gasta, mas sem considerar o que é pago em juros e amortizações) de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Ou seja, o país economiza o equivalente a 4,5% do PIB, dinheiro gasto no pagamento dos juros da dívida.
Uma hipótese para alcançar a meta proposta por Delfim é aumentar a Desvinculação de Receitas da União (DRU) – que hoje permite investir até 20% do orçamento em áreas diferentes das preestabelecidas no Orçamento da União.
O encontro deve reunir pelo menos três ministros: Antonio Palocci, da Fazenda, Paulo Bernardo, do Planejamento, e Jaques Wagner, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Além de parlamentares governistas – como os senadores petistas Aloizio Mercadante (SP) e Delcídio Amaral (MS) – e de oposição, como o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Para a reunião desta terça-feira, também foram convidados os senadores Fernando Bezerra (PTB-RN), Renan Calheiros (PMDB-AL), Rodolpho Tourinho Neto (PFL-BA), os deputados Armando Monteiro (PTB-PE), Carlito Merss (PT-SC), Custodio Mattos (PSDB-MG), Eliseu Resende (PFL-MG), Fernando Gabeira (PV-RJ), Francisco Dornelles (PP-RJ), João Almeida (PSDB-BA), Júlio Semeghini (PSDB-SP), Pauderney Avelino (PFL-AM), Roberto Brant (PSDB-MG), Sérgio Miranda (PCdoB-MG), Vilmar Rocha (PFL-GO).
Foram chamados, ainda, os empresários Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Antônio Ermírio de Moraes, presidente do grupo Votorantim, Benjamin Steinbruch, sócio da Vale do Rio Doce, Jorge Gerdau, presidente do grupo Gerdau, Márcio Cypriano, presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), José Safra, do Banco Safra, o pecuarista Pedro Augusto Ribeiro Novis, Pedro Moreira Sales, presidente do Unibanco, Roberto Setúbal, do banco Itaú, e Rogelio Golfarb, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).