Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A psicóloga e diretora do Centro Ann Sullivan do Brasil, que atende crianças autistas, Maryse Suplino, afirma que, para que a educação seja inclusiva, é preciso mais do que mudança no currículo escolar. "O grande problema das escolas é justamente olhar para o sujeito ideal, olhar todos como iguais", disse a psicóloga. "A pessoa que a escola está buscando nunca existiu", disse.
Maryse Suplino é uma das palestrantes do seminário "Educação Inclusiva e os Diferentes Olhares", que está sendo promovido pelo Conselho Nacional de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência (Conade).
Segundo o secretário-adjunto de Direitos Humanos, Mário Mamede, o evento tem o objetivo de discutir a educação inclusiva com os diversos segmentos de portadores de deficiência. "A necessidade da inclusão social passa, primeiro, por espaços de discussão como esse em que haja um respeito à pluralidade, à diversidade", disse. "Não há uma fórmula mágica, uma metodologia única, não há uma opinião que prevaleça sobre as demais".
De acordo com a psicóloga, é preciso que o sistema de ensino e os profissionais de educação reconheçam e estejam preparados para lidar com as diferenças. "À medida em que a escola percebe isso, ela começa a buscar estratégias diferentes para ensinar, começa a reconhecer que as pessoas aprendem de maneira diferente, começa a reconhecer que a avaliação não pode ser feita de forma igualitária’, explicou.
Para Maryse, a educação inclusiva deve se dar de forma gradual com a capacitação dos professores. "São mudanças complexas que não vão se dar de uma hora para outra". Outra necessidade é a criação de formas de apoio à escola regular, tanto através de instituições especializadas em atender portadores de deficiência quanto com a presença de monitores ou mais de um professor na sala de aula.
"A escola precisa estar pronta para trabalhar com os diferentes padrões de comportamento", afirmou. "E deveriam também existir por parte do governo alguns movimentos mais efetivos de capacitação dos professores. Se eles forem capacitados, eu acho que há possibilidade muito mais real de uma inclusão eficaz", acrescentou.