Rio, 5/7/2005 (Agência Brasil - ABr) - A recuperação judicial concedida à Varig pela Justiça significa a "metade do caminho para a reestruturação da empresa". A análise é do vice-presidente da Associação de Pilotos da Varig (Apvar), Márcio Marsillac, para quem "obviamente, a gente pode imaginar que a nova Lei de Recuperação de Empresas viabiliza a criação de uma nova empresa, inclusive sem passivos".
O objetivo maior, segundo Marsillac, é fazer uma reestruturação de mercado na Varig. Ele alertou, porém, para o fato de 50% da dívida da empresa estarem nas mãos do governo: "Então, é preciso que o governo tenha ciência de que, como um credor, vai precisar negociar. Se ele se recusar a negociar, a situação vai ficar bastante complicada".
Na avaliação do vice-presidente da Apvar, o projeto de reestruturação e a nova lei auxiliam a recuperação da empresa, "mas ainda estaremos na dependência de uma negociação em relação aos débitos com a União". Marsillac disse acreditar que o governo terá interesse em fazer essa negociação: "Caso contrário, deixa de receber os R$ 3,4 bilhões de crédito com a Varig, se ela falir e a massa falida prosseguir na execução da ação de congelamento tarifário, e a União será condenada mais uma vez – como já foi em todas as instâncias – ao pagamento de R$ 2,2 bilhões sem correção. Nós estamos falando de R$ 5,6 bilhões de desembolsos de recursos da União".
Marsillac lembrou que a estrutura da Varig ainda é responsável por 56% da movimentação de passageiros no Brasil, entre vôos nacionais e internacionais, "uma empresa que operacionalmente é forte geradora de caixa – nosso grande problema é de desequilíbrio financeiro". E citou o fato de a empresa já ter uma estrutura montada, com tecnologia de ponta, "com know-how de segurança de ponta, e isso é muito complexo de se montar para uma empresa brasileira. O governo deveria estar atento para isso também".
Outro fator positivo citado pelo vice-presidente da Associação de Pilotos é que a Varig possui pólos de atuação no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, o que significa desenvolver pólos regionais fora do epicentro econômico-financeiro de São Paulo. Marsillac destacou que as empresas do grupo mantêm cerca de 20 mil empregos. "Todos esses fatores deveriam remeter o governo a tomar a decisão política de negociar seus créditos junto à empresa, para viabilizar pelo lado público a reestruturação da Varig", afirmou.