Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio - A Polícia Civil prendeu, nos últimos quatro dias, 13 pessoas acusadas de envolvimento com um esquema de distribuição de drogas em favelas cariocas. Segundo a chefe de investigação da divisão interestadual (Polinter) da Polícia Civil fluminense, Marina Maggessi, um dos chefes da quadrilha seria o carteiro Saulo de Sá Silva, de 30 anos, que trabalha na Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) há oito anos.
Saulo distribuía maconha, cocaína e crack para grandes favelas, como a Rocinha, o Complexo do Alemão e vários morros da zona norte da cidade. Somente na Rocinha, o carteiro distribuía cerca de uma tonelada de maconha e 200 quilos de cocaína por mês. Vestido com a roupa dos Correios, Saulo entrava com a droga escondida no baú da moto da empresa.
"A maior facilidade era que ele entrava no morro com a motocicleta dos Correios, que tem aquele baú, onde ele levava em média de 20 a 25 quilos de cocaína para o Morro da Rocinha, com a garantia de que ele não seria revistado", disse.
Saulo comandava o esquema juntamente com um homem identificado apenas como Bob, de São Paulo. Eles transportavam a droga do Mato Grosso do Sul para São Paulo e, em seguida, a distribuía em outros lugares, como o Rio de Janeiro.
O funcionário dos Correios também usava a empresa para enviar cocaína para o Rio Grande do Norte, já que a droga viajava para aquele estado, via Sedex, em remessas de um a dois quilos por semana.
No Rio de Janeiro, além da Rocinha, a quadrilha de Saulo também distribuía drogas para o Complexo do Alemão e os morros da Providência, do Turano, do Fallet, do Fogueteiro e Júlio Ottoni. Em muitos desses locais, o carteiro usava como mediador o detento do Complexo Penitenciário de Bangu Cláudio Ferreira Valle, o Carequinha, que fazia os contatos de dentro do presídio.
Além de Saulo, 12 pessoas foram presas entre a última sexta-feira e hoje, na Operação Papa-Léguas, da Polícia Civil, todas por ordem da 36a Vara Criminal do Rio. Os policiais ainda esperam cumprir mandados de prisão para outros dois integrantes da quadrilha de distribuição de drogas.
As investigações duraram três meses e, segundo Marina Maggessi, a quadrilha de Saulo é apenas a ramificação de um esquema muito maior, cuja base é o estado de São Paulo.