Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Mogi das Cruzes e Região, filiado à central Força Sindical, realizou no início da manhã de hoje (4) um ato em defesa do emprego e por mudanças na política econômica. A manifestação reuniu, segundo cálculo do sindicato, 4 mil trabalhadores, de 22 empresas, no bairro da Moóca, zona Leste da capital.
Um levantamento feito pelo sindicato mostrou que essas 22 empresas estão sofrendo com a falta de encomendas e queda na produção. Com isso, concedem férias coletivas e licenças remuneradas e fazem demissões. Há ainda casos de pedidos de redução de salário e jornada e instituição de banco de horas. O balanço alcança cerca de 9.500 trabalhadores.
Segundo o presidente do sindicato, Eleno Bezerra, empresas exportadoras estão reduzindo sua produção numa média de 30%. "A BSH Continental, que fabrica fogões e máquinas de lavar, entra essa semana em férias coletivas. A Multibrás, também fabricante de fogões, volta a trabalhar esta semana. No caso da Valtra, de tratores, foram demitidos 100 funcionários e a empresa está negociando banco de horas com os restantes".
Bezerra afirmou que há uma paralisação do mercado interno e que as empresas que não exportam são as que estão sofrendo mais. "Essas empresas estão negociando as férias coletivas e as que não têm como pagar as férias concedem licença remunerada ou banco de horas. Os trabalhadores estão bastante preocupados com isso", afirma.
Na avaliação do sindicalista, existe uma crise instalada entre as empresas de médio e pequeno porte que não é reconhecida pelo governo. Para ele, os aumentos das taxas de juros nos últimos nove meses já estão mostrando seus efeitos na economia. O momento político por que passa o país, segundo ele, também afeta as empresas: "Quem costuma investir não investe agora, porque não sabe que rumo vai tomar essa crise, já que toda semana há uma novidade. Tudo isso cria uma instabilidade na economia. O consumidor também não consome porque fica inseguro".
O sindicalista diz que o governo precisa mudar a política econômica, baixar os juros, renegociar a dívida externa e apurar as denúncias até as últimas conseqüências. "É preciso passar essa apuração a limpo e punir severamente os culpados. Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fizer isso, terá o apoio dos trabalhadores. Caso contrário, ficará na saia-justa defendendo o partido e com isso o governo e o país vão junto".