Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio – O setor empresarial fluminense pediu salvaguardas contra produtos chineses ao ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Durante encontro realizado ontem (21) no Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, entregou uma carta com as reivindicações a Furlan.
Segundo Gouvêa Vieira, as medidas se fazem necessárias uma vez que não se vislumbra qualquer possibilidade de arrefecimento da agressividade comercial chinesa. A carta entregue a Furlan cita ainda "as dificuldades de aferição do preço normal no mercado interno da China em decorrência de sua comprovada não-caracterização como economia de mercado, para a determinação de taxas antidumping".
De acordo com a Firjan, a "expansão desordenada" das importações chinesas ocorre em especial em setores considerados sensíveis como têxtil, plástico, chapas de alumínio e eletrônico, causando danos às indústrias nacionais. O presidente do Sindicato da Indústria de Alfaiataria e Confecção de Roupas do Rio de Janeiro (Sindiroupas), Victor Misquey, afirmou que os industriais não são contra as importações da China, "mas querem poder concorrer (com esses produtos)".
Misquey revelou que os chineses vendem aos lojistas camisas por R$ 14,00 a R$ 15,00, enquanto os produtos brasileiros oscilam entre R$ 27,00 e R$ 32,00 em função dos custos elevados no país. "É uma diferença muito grande e nós não temos condições de concorrer". Misquey informou ainda que a qualidade dos produtos importados da China, que já foi pior, está bem melhor.
O presidente do Sindiroupas apontou outro problema para o produto nacional: o câmbio. Enquanto o dólar vale hoje no Brasil em torno de R$ 2,40, na China a moeda norte americana vale 8,28 yuans. "O dinheiro deles está muito desvalorizado", constatou, indicando que isso oferece aos chineses muitas chances no comércio internacional. Segundo ele, outra vantagem da China é o salário médio do trabalhador, em torno do equivalente a R$ 250,00, sem encargos de qualquer natureza.