Setor ferroviário vive bom momento, diz presidente de associação nacional

14/06/2005 - 8h10

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – O setor ferroviário brasileiro está recuperando seu dinamismo, garantiu o presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Elias David Nigri. "Hoje o governo procura resgatar a importância da ferrovia na matriz de transporte brasileira". A realização no Rio de Janeiro da 8ª Conferência Internacional de Ferrovias de Transporte de Carga Pesada, a partir de hoje (14), no Riocentro, é também "reflexo do bom momento que a gente vive", segundo Nigri. Realizado a cada 4 anos, o evento ocorre pela primeira vez no país.

Segundo Nigri, todas as ferrovias estão em processo de expansão da oferta de transporte, de recuperação e capacitação de sua malha. "Hoje a demanda é de 8 mil vagões no ano". Em 2002, lembrou, o número de vagões feitos no país foi de 300 unidades. "É um setor que renasce, que se recupera a olho visto. Então, é continuar essa campanha de crescimento, que é sustentada."

Para ele, o desenvolvimento que o Brasil experimenta no atual modelo econômico passa pela ferrovia. Conforme assegurou, "os transportes de commodities, de minério de ferro, do agronegócio e de produtos siderúrgicos só são possíveis e eficientes pela ferrovia. Então, não tem como falar em desenvolvimento sem a participação da ferrovia. É essa a consciência que o governo tem de que sem infra-estrutura não há desenvolvimento e ele passa pela ferrovia".

O presidente da ANTF enumerou entre os principais problemas ainda existentes para o desenvolvimento do setor ferroviário brasileiro os acessos aos portos, que considera incompatíveis com o fluxo de carga transportada por via férrea. Além disso, citou as invasões das faixas de domínio, onde as casas construídas de forma irregular e ilegal disputam a área da ferrovia, o que dificulta o transporte e tira a eficiência.

Outro problema são as passagens de nível (cruzamentos com a malha rodoviária), indicou Elias Nigri. Revelou que os 28 mil quilômetros de ferrovias existentes no país são cortados por 11 mil passagens de nível. Isso representa uma passagem de nível a cada 2,5 quilômetros. "São problemas que precisam ser resolvidos. Se queremos fazer um país eficiente, moderno, com transporte adequado, temos que dar solução a esses problemas". Questões regulatórias e trabalhistas também pedem solução, disse o Presidente da ANTF.

O volume médio transportado pelo setor atingiu 370 milhões de toneladas no ano passado. Para 2005, Elias Nigri projeta crescimento entre 10% a 15%, média anual que tem se mantido nos últimos anos.