Países não podem dispensar ajuda do estado para aumentar bem-estar social, diz Mantega

14/06/2005 - 15h00

Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio - O desenvolvimento econômico não ocorre por geração espontânea e os países não podem dispensar a atuação do estado para promover o aumento do bem-estar da sociedade. A afirmação foi feita hoje (14) pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, ao participar da abertura da 35ª Assembléia Geral da Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras para o Desenvolvimento (Alide).

Segundo Mantega, "os bancos de desenvolvimento foram criados com base na visão de que certos setores e atividades estratégicos para a economia dependem do apoio do governo para se tornarem fortes e contribuir com impostos, emprego e renda para a redução e até eliminação das desigualdades em nossos países", destacou.

Ele lembrou que a assembléia geral se realiza justamente quando a América Latina deixa para trás um período conturbado e de baixo crescimemto econômico e ingressa em um novo ciclo de desenvolvimento, mas ponderou que, para isso se concretizar, é preciso superar obstáculos e desafios.

O presidente do BNDES afirmou que as últimas décadas de "políticas liberalizantes" e de redução do papel do estado na economia deixaram um saldo insatisfatório nos países que as adotaram. De acordo com ele, "no caso brasileiro, o crescimento da economia foi mais lento no período de reformas neoliberais que no período do estado desenvolvimentista".

Mantega disse que essas reformas geraram bolhas especulativas e graves crises financeiras. "Hoje o estado precisa atuar mais na coordenação e no incentivo às decisões de mercado do que na intervenção direta na economia. Não se trata de voltar ao período em que o desenvolvimento econômico era capitaneado pelas empresas estatais. Trata-se hoje de desenvolver novas formas de atuação do estado para promover o progresso tecnológico e social da economia de modo consistente com a estabilidade fiscal e monetária", afirmou.

De acordo com Mantega, o atual debate de política econômica tende a confundir as coisas. Além disso, ressaltou, inflação baixa e finanças públicas equilibradas não são monopólio da agenda neoliberal. Para ele, um dos maiores problemas dos países em desenvolvimento é a falta de crédito de longo prazo a taxas de juros reduzidas seja para empresas de menor porte ou para os grandes projetos de infra-estrutura. " É isso que determina a importância de nossas instituições".