Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O deputado Walter Pinheiro (PT-BA) defendeu que a sugestão do senador Tião Viana (PT-AC) seja acatada e todos os ministros entreguem seus cargos. De acordo com ele, apesar de o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) não ter apresentado provas, ele demonstrou ter detalhes de um suposto esquema de corrupção no governo. "Diante disso, acredito ser necessário adotar a sugestão de Tião Viana, para que o presidente possa promover uma nova pactuação com o Congresso sobre novos patamares. Se a proposta do senador for bem aceita, nenhum ministro deveria dormir ministro esta noite".
O deputado também pede a imediata instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito defendida pela base governista para que sejam investigadas as denúncias de mesadas pagas a parlamentares e de compra de votos para aprovação da emenda de reeleição. "A Câmara pode votar a instalação da CPI hoje e começar as investigações amanhã. Precisamos cruzar os depoimentos e iniciar processos de acareação entre os acusados".
Para a deputada Denise Frossard (PPS-RJ), o depoimento de Jefferson não pode ser invalidado pela falta de provas. Segundo ela, Jefferson indica caminhos para uma apuração que começa agora.
Jefferson presta depoimento neste momento para a Comissão de Ética da Câmara. Em entrevista publicada no dia 6 de junho pelo jornal Folha de S. Paulo, ele disse ter tomado conhecimento, por intermédio de diversos parlamentares, da existência de um esquema de pagamento mensal a deputados, o chamado "mensalão", no Congresso.
Deputados do PP e do PL, segundo ele, recebiam até o início deste ano R$ 30 mil por mês. Ainda segundo Jefferson, esse dinheiro seria pago por Delúbio Soares, tesoureiro do PT.
No último domingo, em uma segunda entrevista ao jornal, Jefferson afirmou que o dinheiro utilizado pelo PT para pagar as supostas mesadas vinha de empresas e estatais. Apesar de dizer não ter provas, o deputado afirma que o dinheiro chegava a Brasília "em malas" e era distribuído pelo tesoureiro Delúbio Soares, pelo publicitário Marcos Valério e pelo líder do PP na Câmara, José Janene (PR).