Deputado explica uso de selo em caminhões e diz que há autorizações ''roubadas'' em Belém

14/06/2005 - 14h40

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O deputado federal Zé Geraldo (PT-PA), acusado de servir de intermediário no esquema de compra de autorização para a derrubada de madeira ilegal no Pará, deu entrevista coletiva hoje na Câmara. Nela, ele informou que o selo com o slogan ‘Optante do Plano Safra legal 2004’, no qual a sigla do Partido dos Trabalhadores aparece em destaque, teria sido criado pela Associação de Madeireiros de Anapú em setembro do ano passado para indicar que determinados empresários locais tinham trabalhado de acordo com o plano.

"O adesivo foi uma iniciativa da Associação dos Madeireiros porque houve um racha entre os empresários locais. E aqueles que, decidiram usar o selo, queriam mostrar adesão ao plano e que estavam dentro da legalidade", afirmou. "Nunca participei da articulação de recursos na região nem mesmo no partido. Os recursos doados para alguns candidatos do PT foram feitos dentro da legalidade."

Segundo as denúncias da revista Veja, os adesivos colados nos caminhões funcionariam como um tipo de passaporte que liberava o transporte ilegal de madeira em troca de contribuições aos candidatos do PT. "Nenhum selo foi criado para permitir a retirada de madeira. Só é possível retirar madeira com a autorização (Autorizações para Transporte de Produtos Florestais ) que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) emite, no entanto, há autorizações ilegais que circulam por aí, ainda do governo passado", informou.

De acordo com ele, algumas autorizações foram roubadas em Belém e "estão soltas por aí".

Além dele, a denúncia cita o deputado estadual Airton Faleiro (PT-PA) e três candidatos a prefeito: Paulo Medeiros, candidato à prefeitura de Uruará; Chiquinho do PT, em Anapú, e Lenir Trevisan, atual prefeita de Medicelândia – mulher do deputado José Geraldo. Os três teriam recebido R$ 300 mil em doações de fazendeiros durante a campanha eleitoral do ano passado.