Danielle Coimbra
Da Agência Brasil
Brasília – O deputado estadual Aírton Faleiro (PT-PA), acusado de intermediar um esquema de corrupção de compra de autorização para a derrubada de madeira ilegal no Pará, afirmou hoje (14) que nunca fez parte dos esquemas da "máfia verde", responsáveis por desmatamentos na Amazônia. De acordo com Faleiro, o Sindicato dos Reflorestadores do Pará (Sindflorestas), a Associação das Madeireiras dos Municípios de Anapú e Pacajá e a empresa HB Lima negam que denunciaram os deputados e os três prefeitos.
As entidades foram citadas como fonte em reportagem da revista Veja desta semana. A reportagem acusa os prefeitos Paulo Medeiros, de Uruará, Chiquinho do PT, de Anapu, e Lenir Trevisan, de Medicilância, que teriam recebido propina de madeireiros, às vésperas das eleições, em troca de autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para derrubar madeira ilegal e facilitar o transporte. Segundo o texto, o deputado estadual Aírton Faleiro e o deputado federal Zé Geraldo (PT/PA) também estavam envolvidos no esquema.
Hoje, o presidente do Sindiflorestas, Mário Rubens, reuniu-se com Faleiro. O deputado contou que Rubens deixou por escrito em seu gabinete um documento afirmando que denunciou outras irregularidades, mas não mencionou o nome dos deputados ou esquemas de propina envolvendo o PT. "Ou o Sindfloresta está blefando para mim ou está blefando para lá (Veja), o que cada vez mais descredencia as fontes fornecedoras", disse Faleiro.
"Quem está por trás, se as três fontes mencionadas não assumem as denúncias? Está caindo por terra todo o conteúdo publicado na revista."
O presidente da Associação dos Madeireiros, Leivino Ribeiro, e a HB Lima também assinaram o mesmo documento que o Sindflorestas.
De acordo com Faleiro, Leivino disse que os R$ 2 milhões gastos pelo grupo são referentes aos investimentos com o Plano de Safra Legal 2004 e com a política florestal, "e não com parcerias com o PT", como afirma a revista. Já a empresa HB Lima diz que nunca confirmou a existência do adesivo com os dizeres "Optante do Plano Safra Legal 2004", onde a sigla do Partido dos Trabalhadores aparece em destaque, indicando uma espécie de senha para os caminhoneiros que carregam madeira ilegal no Pará.
"Quero que eles provem isso, eu nunca fui convidado para esse tipo de coisa, não ouvi falar e não acredito na existência desse esquema", declarou Faleiro.