Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Líderanças ciganas se reúnem hoje (14), das 9h às 18h, em Brasília, para discutir as propostas que serão levadas para a 1ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, que acontece entre 30 de junho e 2 de julho em Brasília. Além disso, os ciganos apresentam as propostas aos representantes dos ministérios que participam da reunião.
O reprensentante do povo cigano no Conselho Nacional de Promoção de Igualdade Racial, Cláudio Iovanovitchi, afirma que a grande proposta de seu povo é garantir os direitos de cidadania. "O grande desafio é inserir os ciganos no contexto social". Segundo ele, há cerca de 600 mil ciganos no Brasil sem acesso aos serviços de assistência prestados pelo poder público.
Por isso, as propostas que serão levadas para a confência nacional se referem principalmente à educação, saúde e preservação da cultura. O vice-presidente da Associação da Preservação da Cultura Cigana (Apreci), Rodrigo Cardoso, conta que os ciganos são povos nômades e muitos vivem em acapamentos, por isso não têm endereço fixo ou documentos. Essas características, que são próprias da cultura cigana, geram dificuldades. "O sistema de saúde é feito para quem tem residência. Eles nunca precisaram de documentos e esses documentos que eles nunca precisaram os impossibilita de ter cidadania", afirma Rodrigo. Ele aponta ainda que a maioria dos ciganos não sabe ler e estima-se que 90% sejam analfabetos.
Para diminuir o analfabetismo, eles querem que os jovens recebam educação nos acampamentos e, para combater a discriminação, que os currículos escolares incluam temas sobre história e cultura das comunidades ciganas. Outra proposta é a realização de um censo que permita mapear os acampamentos espalhados pelo país. No que diz respeito à saúde, os ciganos vão levar a conferência nacional a necessidade de programas diferenciados no Sistema Único de Saúde (SUS). Pedem também proteção às manifestações culturais ciganas e apoio dos municípios para estabelecer os acampamento em áreas com infra-estrutura.
O coordenador executivo da 1ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Jorge Carneiro, afirma que nunca houve na história do Brasil um encontro de lideranças com tanta diversidade. Segundo ele, há poucos dados sobre os ciganos e a conferência poderá contribuir com isso. "O grande desafio é começar se relacionar com esses grupos e produzir políticas públicas a partir da sua cultura. Essa conferência começa a fazer um desenho e temos que ter políticas que comecem a contemplar esses grupos".
A audiência com os povos ciganos é preparatória a 1ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, promovida pela Secretaria Especial de Públicas para Promoção da Igualdade Racial (Seppir). O objetivo do encontro é elaborar um plano nacional de políticas para o setor, com a participação de segmentos que sofrem discriminação e preconceito. Além dos ciganos, os quilombolas e os povos indígenas promoveram consulta pública para discutir suas necessidades.