BC deve deixar inflação subir a 7% para liberar crescimento, avalia economista

14/06/2005 - 18h42

Daniel Merli e Luciana Valle
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – A elevação de juros básicos afeta o crescimento da economia e não é um remédio eficaz para o combate à inflação. A tese foi defendida, em entrevista na manhã de hoje (14) à rádio Nacional AM, por Newton da Silva Marques, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e membro do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF).

Para Newton, os nove membros do Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central têm de reduzirem amanhã (14) a taxa básica de juros (Selic) para garantir o crescimento econômico do país.

"É claro que pode se dizer que houve resultado no combate à inflação", avalia Newton Marques. Mas "nós economistas não temos um consenso com relação ao custo" da elevação da taxa Selic por nove meses consecutivos.

Mesmo assim, Newton considera que o principal motivo da inflação não está sob o efeito da elevação da Selic. São as tarifas de serviços públicos privatizados, como telefonia e luz – que tem reajuste automático – e os produtos importados. "Quem sentiu mesmo a elevação de juros é o setor industrial, o setor comercial, o comércio. Esse setor é que sente diretamente", afirma.

Para Newton, a melhor solução seria elevar a meta de inflação do país. Ou, ainda, perseguir o teto da meta, que é de 7%. A meta de inflação possui um piso e um teto. Atualmente, o BC vem buscando o centro da meta, que é de 5,1%. "Se continuar perseguindo esta meta, o Copom vai subir a taxa básica de juros. E isso vai adiar cada vez mais o chamado ciclo virtuoso da economia". Segundo o economista, "isso geraria um ciclo virtuoso é: crescer a produção, crescer de certa forma comportada, em provocar pressão nos preços".