Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As sucessivas elevações na taxa de juros vêm aumentando a pressão de entidades que representam a sociedade civil pela participação na política econômica do país. Uma frente formada por várias entidades civis, entre elas a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), lançou em março, uma campanha pedindo a reformulação do Conselho Monetário Nacional (CMN), atualmente formado somente pelos ministros da Fazenda e do Planejamento, além do presidente do Banco Central.
A Associação Brasileira das Organizações Não-Governamentais (Abong) também pressiona o governo para que a sociedade civil participe na definição da política econômica. O diretor de Relações Institucionais da Abong, José Antônio Moroni, explica que a entidade quer a ampliação do Conselho. "Hoje ele é formado pelos ministros da fazenda e do planejamento e pelo presidente do Banco Central. Queremos que o conselho tenha a participação da sociedade com mais três representantes: dos empresários, dos trabalhadores e da sociedade civil."
A proposta de ampliação do foi levada ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, onde foi criada uma comissão para votá-la. Os conselheiros Sônia Fleury e José Cezar Castanhar, integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), apresentaram, durante a 11ª Reunião Plenária do conselho, moção pedindo a inclusão de ministros de outras áreas, empresários e trabalhadores.
"No dia 19 de maio, a proposta será votada em plenário [do CDES], mas será aprovada porque ninguém se manifestou contra. Depois de aprovada, ela será encaminhada ao presidente Lula e acredito que tem grande possibilidade de ser acatada. Há uma pressão muito forte pela criação de espaços de participação da sociedade civil na definição da política econômica", disse Moroni. Ele afirma que a Abong considera estratégico o espaço no CMN. "É ele que define a meta da inflação, que condiciona toda o restante da política econômica do país, entre elas a política de juros".
Segundo Moroni, a proposta de participação no CMN tem o apoio de entidades como CUT, Força Sindical e Fiesp. O documento, que será votado no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, foi aprovado também por 300 organizações não-governamentais que integram a Abong.