Lula defende reforma agrária do governo com ampliação do crédito e assistência técnica

01/05/2005 - 13h58

Irene Lôbo e Keite Camacho
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou as comemorações do Dia Internacional do Trabalho para afirmar que a reforma agrária está entre as prioridades de seu governo. Segundo o presidente, existe um conflito na discussão do tema que opõe duas visões: número de assentamentos para as famílias de trabalhadores sem-terra, contra a consolidação das políticas de crédito, assistência técnica e incentivo à produção, o que propiciaria a vida no campo dos que já obtiveram a terra.

"Eu dizia sempre, e quero aproveitar o 1º de maio para dizer isso aqui. Há sempre um conflito na hora de você discutir a reforma agrária. Se você mede a boa reforma agrária pela quantidade de terras que você assentou ou se você mede pela quantidade do resultado da produção das pessoas que estão na terra", afirmou. No ano passado, o governo Lula conseguiu executar 99,4% do orçamento previsto e o número de famílias assentadas representa 71% da meta estipulada pelo governo. Foram 81.254 famílias assentadas no período de janeiro a dezembro. A expectativa era assentar 115 mil famílias.

A partir da madrugada desta segunda-feira, cerca de 10 mil trabalhadores rurais iniciam a Marcha Nacional pela Reforma Agrária. Os trabalhadores percorrerão 200 quilômetros entre Goiânia e Brasília, durante 17 dias. Entre os movimentos presentes durante a marcha estão Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Via Campesina, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Entre as reivindicações estão o aumento do orçamento para a reforma, a desburocratização do crédito, o ritmo de implantação dos assentamentos e o combate à violência no campo, principalmente as milícias armadas contra os sem-terra.

O presidente Lula afirmou que cerca de 70% das famílias recebem assistência técnica no momento do plantio. "A Comissão Pastora da Terra historicamente afirmava que mais gente deixava o campo do que gente entrava no campo. Nós resolvemos inverter essa política", disse. Lula citou dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), que demonstram um crescimento no número de contratos do Pronaf. Segundo o presidente, antes de seu governo havia apenas 24 mil contratos assinados, e agora são mais de 264 mil contratos efetivados.

Em entrevista por telefone à Agência Brasil, um dos membros da direção nacional do MST, Valter Misnerovizz, avalia que o ritmo da reforma agrária não satisfaz as exigências dos movimentos sociais. "Tanto no que diz respeito a famílias assentadas, quanto ao atendimento e desenvolvimento dos assentamentos", explicou.