Brasília, 27/3/2005 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil é um dos primeiros países a aprovar uma lei que aborda a manipulação de células-tronco embrionárias. Segundo o hematologista e pesquisador Nelson Tatsui, a aprovação da lei fará com que cresçam os investimentos em pesquisas. "A aprovação da Lei de Biossegurança não significa resultados para os pacientes. Ela deve ser o alerta inicial para começar a trazer fundos. Hoje, não se faz pesquisa em células-tronco sem dinheiro e sem continuidade", disse, em entrevista à Rádio Nacional AM.
A célula-tronco, embrionária ou adulta, é uma célula capaz de se renovar: consegue se dividir e formar outra célula, igual a ela mesma. Essa célula se reproduz e forma tecidos diferentes. As células-tronco adultas são aquelas encontradas no sangue do cordão umbilical e na medula óssea. Já as embrionárias são retiradas do baço e cisto, componentes formados logo após a fecundação.
De acordo com Tatsui, já existem pacientes que se beneficiando com as pesquisas na área. Ele esclarece que, no ano passado o FDA (Food and Drug Administration), órgão norte-americano da área de saúde, aprovou o uso sob inspeção de pesquisadores, das células-tronco do adulto em problemas cardíacos. Ele lembrou ainda que recentemente o Ministério da Saúde brasileiro "aprovou uma verba substancial no sentido de usar também células-tronco da medula óssea ou do sangue periférico, que é retirado das veias do paciente para tratar doenças cardíacas".
Na avaliação do pesquisador, com a lei brasileira abriu-se o trabalho com células-tronco embrionárias. "Eu falo isso não para diminuir a importância da lei, muito pelo contrário, mas para passar à população uma forma exata de onde está esse espaço, porque tem muito para andar no campo das doenças degenerativas musculares e das doenças degenerativas neurológicas". Ele acrescentou que "levaremos em torno de 10 a 15 anos para tornar real esse uso".
Tatsui esclareceu também que "as células-tronco do adulto talvez sejam as mais próximas de serem utilizadas clinicamente". E lamentou que ainda não haja "uma cobertura pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para as pesquisas, por isso é preciso calma e lucidez".