Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Boletim Focus desta semana, distribuído nesta segunda-feira pelo Banco Central, mostra que, de acordo com as expectativas de analistas do mercado e de instituições financeiras, todos os índices de medição da inflação estão em alta, tanto no varejo quanto no atacado.
O único indicador da economia pesquisado em queda é o que se refere a crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país. A expectativa de um aumento do PIB de 3,70% no ano, no início de fevereiro, caiu para 3,69% na semana passada e agora baixa para 3,67%. Para 2006, no entanto, está mantida a perspectiva de 3,70% de aumento do PIB.
A expectativa de inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de parâmetro para as contas do governo, aumentou de 5,77% para 5,80% em relação à semana passada, distanciando-se cada vez mais da meta de 4,5%, "ajustada" pelo BC para 5,1% no final do ano passado. A previsão para este mês é de inflação de 0,60%, caindo para 0,45% em abril.
Os preços no varejo, medidos pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe) da Universidade de São Paulo, também estão com expectativa de alta: a perspectiva dos entrevistados passou de 5,62% para 5,66% no período. E os preços administrados por contratos ou monitorados (combustíveis, energia, telefonia e serviços públicos) também evoluíram de 7% para 7,06%.
No atacado, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) aumentou a expectativa anterior de 6,11% para 6,22%, enquanto o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) cresceu de 6,09% para 6,12%. Em meio a esse cenário de mercado, a previsão de IPCA para os próximos 12 meses aumentou de 5,48% para 5,54%.
O Boletim Focus desta semana aumentou de US$ 27,70 bilhões para US$ 28,10 bilhões o prognóstico de saldo da balança comercial (exportações menos importações) neste ano, e estima superávit (saldo positivo) de US$ 4,20 bilhões no resultado das transações correntes (operações do Brasil com o exterior, incluindo receitas obtidas com exportações de mercadorias; gastos com importação; pagamentos de juros da dívida externa; seguros e fretes; e transferências unilaterais), ante prognóstico de US$ 4,15 bilhões na semana passada.
A pesquisa do BC manteve a expectativa de que a taxa básica de juros (Selic) permanecerá em 19,25% ao ano na reunião que o Comitê de Política Monetária (Copom) fará no mês que vem, mas mudou a aposta anterior, de que a taxa recuaria até 17% ainda neste ano. Agora, eles estimam em 17,13%, e mantêm a expectativa de queda para 15% em 2006.
De acordo com o cenário de mercado, os investimentos estrangeiros diretos (dinheiro que entra no país para investimentos na atividade produtiva) no setor produtivo somarão US$ 14 bilhões em 2005, mesma previsão há seis semanas, e US$ 15 bilhões em 2006; e o crescimento da produção industrial será de 4,70% neste ano (4,50% em 2006).
Além de não mexer na taxa de câmbio, cuja previsão para encerrar este ano permaneceu em R$ 2,80, o Boletim Focus manteve a estimativa de 51,40% para a relação entre dívida líquida do setor público e PIB. Relação que deve cair para 49,95% no ano que vem.