Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A soma das transações comerciais, serviços e contas financeiras com o exterior gerou resultado positivo em fevereiro, com saldo de US$ 4,792 bilhões no balanço de pagamentos. Acumula, portanto, superávit de US$ 6,817 bilhões no primeiro bimestre do ano, com crescimento de 75% em relação aos US$ 3,896 bilhões registrados no mesmo período de 2004.
Isso é o que revela o relatório de fevereiro sobre Setor Externo, divulgado hoje pelo chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes. Ele informou que a conta financeira teve saldo positivo de US$ 4,407 bilhões, enquanto as transações correntes com o exterior foram favoráveis em US$ 117 milhões.
O destaque, segundo ele, continua sendo a balança comercial, uma vez que a diferença entre exportações e importações rendeu saldo de US$ 2,786 bilhões no mês. Comportamento que no seu entender dá continuidade a um ritmo bastante elevado das vendas externas, em função do bom momento do comércio internacional.
Os saldos comerciais compensam, com sobra, o aumento dos gastos com serviços externos, que somaram US$ 369 milhões em fevereiro, com expansão de 104,6% em relação aos gastos do mesmo mês de 2004. Principalmente em função de despesas com aluguel de equipamentos e pagamentos de royalties e licenças.
De acordo com o economista do BC, as remessas líquidas de renda para o exterior chegaram a US$ 2,5 bilhões. Houve, desta forma, um acréscimo de 39,8% em relação a fevereiro de 2004. Os investimentos estrangeiros diretos renderam US$ 1,360 bilhões, e os investimentos estrangeiros em carteira renderam mais US$ 1,290 bilhão em lucros, dividendos e juros de títulos de renda fixa.
Lopes informou também que os investimentos estrangeiros diretos (IED) no mês somaram US$ 869 milhões, com queda de 15,1% em relação aos US$ 1,024 bilhão que entraram no país em fevereiro de 2004. Mas, superaram a previsão anterior, de US$ 700 milhões, segundo ele, de modo a que a soma do bimestre alcançou US$ 2,088 bilhões, contra US$ 2,016 bilhões registrados em igual período do ano passado.
A expectativa do BC para o mês em curso é melhor, uma vez que até ontem já haviam entrado US$ 1 bilhão na contabilidade do banco, de acordo com Lopes. A projeção, segundo ele, é de fechar o mês com US$ 1,3 bilhão em investimentos diretos. Ele também faz prognóstico positivo para o saldo das transações correntes com o exterior, em razão da menor transferência, neste mês, de lucros e dividendos sobre esses investimentos.
No tocante às reservas internacionais, Lopes disse que as divisas em poder do BC somaram US$ 59,017 bilhões em fevereiro, com aumento de US$ 4,995 bilhões no período. Resultado das compras de US$ 3,7 bilhões nos leilões realizados pelo banco, mais lançamentos dos bônus Euro-15 e Global-25, com captações de US$ 652 milhões e US$ 1,250 bilhão, respectivamente.
Do total foram deduzidas despesas de US$ 508 milhões sobre recentes captações de "bônus soberanos" da República, US$ 86 milhões com remuneração de reservas e transferência da parcela de US$ 316 milhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Com isso, as reservas líquidas, no conceito do FMI, encerraram fevereiro em US$ 31,4 bilhões, com expansão de US$ 4,3 bilhões na comparação com janeiro.
Embora defasada em dois meses, a dívida externa apurada em dezembro de 2004, totalizou US$ 201,4 bilhões, com redução de US$ 13,6 bilhões em relação a dezembro de 2003. A dívida de médio e longo prazos soma US$ 182,6 bilhões (US$ 24,9 bilhões com o FMI), enquanto os compromissos de curto prazo chegam a US$ 18,7 bilhões.