Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O local onde funcionou o complexo do Carandirú, na Zona Norte da Capital paulista, que até bem pouco tempo atrás serviu para o palco de horrores e agora foi transformado no Parque da Juventude, sediou neste domingo um dos eventos que marcou o Dia Mundial da Água.
A data, que entrou para o calendário oficial em 1992, por decisão da Organização das Nações Unidas, "é uma oportunidade a mais para conscientizar a sociedade sobre o papel que ela pode desempenhar para evitar a escassez de água potável no futuro e ajudar nas campanhas de despoluição, entre outras atividades do gênero para a melhoria da qualidade de vida". A avaliação é do coordenador de educação ambiental do Núcleo União Pró-Tietê, da Fundação SOS Mata Atlântica, Fabrizio Violini.
Junto com a Sabesp, a companhia de saneamento básico do Estado de São Paulo, fundação promoveu na manhã deste domingo atividades de lazer e ducacionais que se estenderam até o iníco da tarde. Foram plantadas mudas de árvores, ao mesmo tempo em que os participantes ouviam informações sobre a importância da vegetação na preservação das nascentes e de todo o ecossistema. Houve apresentações de peças teatrais e shows de música, além de brincadeiras para despertar nas crianças e adolescentes o interesse pelo assunto.
Evento semelhante foi organizado também no Parque do Carmo, na Zona Leste da cidade, com o objetivo de mostrar o processo de reciclagem de produtos à base de plásticos, vidro e latas de alumínio.
Fabrizio Violini defende a maior conscientização sobre o uso racional da água nas áreas urbanas. "Tem muita gente que ainda varre as calçadas com jatos de mangueira e desperdiça água também em outros atos cotidianos como descarga de banheiro, rega de planta etc". Para ele, um grave problema é o ínfimo investimento de cidades da região metropolitana de São Paulo em obras de coleta e tratamento de esgoto.
"Apesar do grande avanço no projeto de despoluição do Tietê, falta, por outro lado, combater a poluição produzida em muitos municípios", acentua Violini, citando entre os que "não estão fazendo a lição de casa", Mogi das Cruzes, Guarulhos e cidades da região do ABC. Com essa situação, segundo destacou, os mais afetados "são justamente os mais pobres, sujeitos a doenças e toda sorte de problemas causados pelos despejos de sujeira em córregos e leitos de rios".
Dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizado em 2000 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que 45 milhões de pessoas não contam com rede de abastecimento de água e 83 milhões sofrem a falta de sistemas de esgoto. E de acordo com dados citados pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo não tem acesso a água potável enquanto mais de três milhões morrem todos os anos de doenças provocadas por águas contaminadas.