Para interventor, medida mais importante foi colocar hospitais do Rio trabalhando ''em rede''

17/03/2005 - 17h23

Brasília - O coordenador da intervenção federal nos seis hospitais do município do Rio de Janeiro, Sergio Cortes, avalia que a decisão mais importante tomada pelo governo federal até agora foi articular os trabalhos desses hospitais em "rede". Para ele, a medida contribui para melhorar o atendimento e, posteriormente, regularizar a realização das cirurgias. De acordo com o Ministério Público Federal, pelo menos 14 mil pessoas aguardam nos hospitais públicos do Rio para serem submetidas a cirurgias eletivas (aquelas que não são de emergência).

Cortes também destaca a abertura imediata do atendimento no setor de emergências das unidades. "O mais importante é ter aberto as emergências. Ter conseguido colocar um pouco de insumos e de material nessas emergências e ter aberto os leitos de retaguarda", afirmou em entrevista à Rádio Nacional (Rio de Janeiro).

Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

Rádio Nacional: Doutor, tendo em vista os problemas enfrentados nos últimos dias, qual a atual situação do processo de intervenção, em relação ao estado emergencial, não só das emergências, mas também das cirurgias eletivas que estavam atrasadas?

Sergio Cortes: O mais importante é ter aberto as emergências. Ter conseguido colocar um pouco de insumos e de material nessas emergências e ter aberto os leitos de retaguarda. Acho que o fator mais importante desse trabalho de intervenção tem sido olhar esses hospitais como uma rede, ou seja, interligados entre si. Não existe mais "eu sou o dono desse hospital", "dono desse leito" ou "eu decido quem vai se internar ou quem vai embora". Os leitos agora são o que nós chamamos de "uma mini-regulação", na qual nós temos uma central dentro do nosso trabalho do Ministério da Saúde. Por meio da qual sabemos quais vagas existem a cada dia. Se podemos fazer a transferência desses pacientes de um hospital para o outro. Saindo de uma emergência para um hospital eletivo onde ele terá um tratamento muito mais adequado, e deixando a emergência aberta exatamente para aqueles paciente mais graves.

Rádio Nacional: Doutor, alguns hospitais importantes e que estão sob administração da prefeitura, como o Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, e o Salgado Filho, no Meyer, tem trocado informações com os hospitais sob intervenção do Ministério da Saúde?

Sergio Cortes: A comunicação não é fácil porque nunca existiu um sistema de regulação de central de internação. Então, nós praticamente não temos comunicação com essas unidades. A comunicação é apenas algo informal. A secretaria de Estado de Saúde está investindo maciçamente nessa central de regulação, que nada mais é do que você ter uma planilha no computador com disponibilidade de leitos. Você saber se naquele dia a emergência conta com o aparelho de tomografia ou com o aparelho de raio-X. Se as equipes estão completas, se o Corpo de Bombeiros e, futuramente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), poderá levar um politramautizado para o Lourenço Jorge ou se ele deverá ir direto para o Miguel Couto ou Souza Aguiar. É esse o investimento que o estado está fazendo agora maciçamente, requisitando a central de regulação, que antes era do município e não funcionava, para que possa funcionar.