Nilmário Miranda diz que assassinos de freira ''se achavam acima do bem e do mal''

28/02/2005 - 14h24

Saulo Moreno
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Nilmário Miranda, reafirmou nesta segunda-feira que a violência no campo, que resultou nas mortes de trabalhadores rurais e da irmã Dorothy Stang, é uma reação à política do governo contra o trabalho escravo no país. "São pessoas que se achavam acima do bem e do mal e que podiam colocar a busca do lucro desenfreado a qualquer custo, com vidas humanas ou colocando em risco o futuro do nosso país. Com o fim disso, eles reagem com o que sabem fazer, disseminando a morte e a violência", avaliou.

Nilmário Miranda considera que, além do combate ao trabalho escravo, ações como o avanço da política de reforma agrária na Amazônia ocidental, a defesa das florestas, o combate a grilagem de terras e ao desmatamento têm provocado as reações criminosas.

O ministro participa da abertura do "Seminário Internacional Saídas da Escravidão e Políticas Públicas", que reúne desta segunda à próxima quarta-feira, no Itamaraty, representantes do poder público brasileiro e de organizações não governamentais nacionais e de 12 países das Américas, África e Reino Unido.

Hoje, após a acareação dos acusados pelo assassinato da missionária Dorothy Stang, na Delegacia de Polícia de Altamira, a comissão especial de parlamentares, composta pelos senadores Ana Júlia Carepa (PT-PA), Demostenes Torres (PFL-GO), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA), relatou o envolvimento do prefeito de Anapu, Luiz dos Reis Carvalho (PTB), com os presos. O senador Demóstenes Torres informou que Clodoaldo Carlos Batista ("Eduardo") e Rayfran das Neves Sales ("Fogoió") mencionaram o envolvimento do prefeito quanto ao pagamento de um advogado para defendê-los. O prefeito do município, que também esteve presente na acareação, nega as acusações.

Em série especial veiculada pela Rádio Nacional da Amazônia, o prefeito de Anapu descreveu seu relacionamento com a missionária. "Conheço ela desde sua chegada há aproximadamente 21 ou 22 anos. Então, ultimamente, ela veio cumprir uma missão, à qual levou até a morte, e a gente seguiu outro destino, que foi o político, e, então, nos distanciamos mais um pouco", relatou.