Especial 1 - Programas sociais substituem assistencialismo por ação integrada e complementar

27/02/2005 - 8h25

Paula Menna Barreto
Repórter da Agência Brasil

Goianésia (GO) - Em Goianésia, um pequeno município de cerca de 50 mil habitantes, localizado a 300 quilômetros da capital federal, os programas sociais do governo eliminaram o antigo caráter assistencialista e passaram a atuar de forma integral e complementar. As pessoas beneficiadas por projetos sociais fazem hoje parte de uma rede, o Sistema Único de Assistência Social (Suas), e o compromisso do município vai além do repasse de verbas. Crianças, idosos, usuários de drogas, homens, mulheres, não importa que atividade exerçam, formam essa rede. São quase 20 mil pessoas, cada um em um programa específico que resgata a cidadania e oferece qualificação profissional, de modo que tenha condições de conduzir sua vida.

Para muitos desses cidadãos beneficiados por programas desenvolvidos em parceria pelo governo federal e o município, as mudanças são significativas. Jussara Cristina Gonçalves, 21 anos, hoje é professora de dança dos programas de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e Conviver, destinado a pessoas da terceira idade. "Eu cresci nesses projetos, é a minha vida",
diz. Antes, como aluna, ela participou de vários programas sociais e atribui a isso o fato de ter uma profissão."Foi onde aprendi a dançar e agora também faço parte de uma banda", revela.

Catadores de lixo que não tinham perspectiva de salário e de melhores condições de vida fundaram uma associação, que trabalha no Aterro Sanitário de Goianésia, e chegam a lucrar mais de dois salários mínimos por mês cada um. Hoje, com a associação, eles são ex-catadores já que trabalham com a reciclagem do lixo. "Eu morava na beira da estrada, agora tudo que tenho tiro daqui, estou muito satisfeito", relata Américo Marcelino da Silva, 55 anos.

Américo diz que espera por tempos ainda mais produtivos. "Agora temos a prensa (para compactar o lixo recolhido) e quando começar a funcionar, vai ser muito melhor", afirma.
Com a prensa, será possível melhorar os preços do material recolhido. Hoje, os ex-catadores recebem R$ 0,50 por quilo de garrafas plásticas, trabalham de 8h30 às 17h30, de segunda a sexta, e alguns até mesmo aos sábados. Em média, cada uma das 17 famílias associadas seleciona aproximadamente 100 quilos de lixo por semana.

Além da oportunidade profissional, foi por intermédio dos programas sociais da cidade que os catadores de lixo conseguiram moradia. As casas do Bairro Amigo têm sala, dois quartos, cozinha e área de serviço. Cada unidade foi construída em mutirão com a ajuda da prefeitura do município.

É com esse trabalho integrado que os programas de assistência social vão formando a rede de atenção à família em Goianésia, onde, no entanto, nem tudo é um mar de rosas. A coordenadora do Programa de Atenção Integral à Família (Paif), Ivanildes Barbosa, lembra que ainda paga aluguel da casa onde funciona o programa e que não tem computadores suficientes para desenvolver o trabalho.

Para a secretária de Promoção Social do município, Abadia Delfino de Souza, a cidade está precisando mesmo é do programa Sentinela, desenvolvido pelo governo federal para atendimento de vítimas de exploração sexual. "Com o crescimento do município e a estrada perto, a prostituição infantil cresceu", diz.