Polícia diz que reconstituição do crime contra missionária esclareceu dúvidas

25/02/2005 - 7h56

Christiane Peres
Da Agência Brasil

Brasília - A reconstituição do assassinato da missionária Dorothy Stang, ocorrido no dia 12, em Anapu (PA), esclareceu as "dúvidas que ainda restavam" para a Polícia Civil. O responsável pela investigação, delegado da Polícia Civil Waldir Freire disse que a simulação foi "esclarecedora" para o caso. "A reconstituição foi fundamental para a continuidade das investigações e do trabalho da polícia. Se havia alguma dúvida, não há mais."

Mais de 100 homens participaram da simulação que durou três horas e meia. Rayfran das Neves Sales, o "Fogoió", Amair Feijoli da Cunha, o "Tato", e Clodoaldo Carlos Batista, o "Du", acusados de envolvimento na morte da religiosa, foram colocados pela primeira vez frente a frente na cena do crime. A 40 quilômetros de Anapu, local onde foi encontrado o corpo da missionária, os assassinos acusaram Tato de mentir no depoimento, enquanto mostravam o que aconteceu no dia da morte de Dorothy. "Esse foi o primeiro contato deles, desde o dia da morte da irmã. O Rayfran e o Clodoaldo estavam muito firmes e acusaram Tato o tempo todo de ser o mandante do crime", conta o delegado.

De acordo com Waldir, os policiais foram até a casa de Vicente Soeira, dono do imóvel em que Dorothy dormiu na véspera do crime e de onde saiu até ser abordada na estrada por Rayfran, como confessou o preso em depoimento à Polícia Civil.

Rayfran afirmou que a religiosa havia se despedido de um morador da área na estrada e, ao seguir em direção do assentamento Esperança, foi abordada por Rayfran e Clodoaldo. Vestindo um colete à prova de balas, Rayfran disse também que cercou a irmã e passou a conversar com ela, enquanto Clodoaldo observava. Segundo o delegado, os depoimentos dos acusados se confirmaram na reconstituição, não tendo "um só furo". "Tudo batia no depoimento deles e na forma como mostraram que aconteceu."

Os policiais simularam também a reunião dos colonos, ocorrida na casa de Vicente Soeira, na véspera do crime. Rayfran chegou a ir ao local, mas não conseguiu encontrar a irmã. De acordo com o depoimento, ele pretendia matá-la nesse dia.

O delegado Waldir Freire disse que vai esperar a conclusão do relatório da perícia sobre a reconstituição, que deve ficar pronto em dez dias.