Taxa de analfabetismo diminuiu quase 30% em dez anos, aponta IBGE

24/02/2005 - 7h29

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio - A taxa de analfabetismo no Brasil diminuiu quase 30% entre os anos de 1993 e 2003, aponta o relatório Síntese de Indicadores Sociais de 2004 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o estudo, cerca de 11,6% da população brasileira com mais de 15 anos de idade é analfabeta, contra 16,4% em 1993.

Entre os homens, a taxa (11,7%) é maior do que entre as mulheres (11,4%). Quando comparando as áreas urbana e rural, a disparidade é maior. Enquanto nas cidades, o índice é de apenas 8,9%, no campo o percentual chega a 27,2%.

Para a chefe da Divisão de Indicadores Sociais do IBGE, Ana Lucia Saboia, a taxa de analfabetismo ainda pode melhorar, mas o índice atual já é positivo. "Esse grupo considerado analfabeto inclui muitas pessoas idosas. Na década de 50, não havia essa oferta toda de escolas, então a população idosa tem um peso muito grande na nossa taxa".

A dona-de-casa Maria de Fátima Vieira, por exemplo, diz que não teve oportunidade de estudar quando era mais jovem. Agora, aos 38 anos, ela entrou um curso de alfabetização. "Tenho muita vontade de fazer um curso profissionalizante para trabalhar com panificação, quando terminar a alfabetização. Espero conseguir uma profissão, com carteira assinada, porque tenho uma carteira que nunca foi assinada. Meu marido trabalha de pedreiro, mas também não tem carteira assinada", explica a estudante, que é mãe de três filhos.

Segundo a professora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Mirian Paura, o combate ao analfabetismo deve envolver todas as esferas da sociedade. "A alfabetização não é só um problema temporário. Temos que articular projetos e programas para que a alfabetização seja permanente em todos os lugares e rincões desse Brasil, num trabalho de abertura com a igreja, com o sindicato, com associações e com corporações. Isso para que a alfabetização não seja só uma campanha X de um governo Y".