Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio - Embora as mulheres tenham ampliado sua participação entre a População Economicamente Ativa (PEA) em 2,5% em 2003, contra 1,6% dos homens, a taxa de atividade feminina no mercado de trabalho brasileiro permaneceu inferior naquele ano à masculina: 50,7% contra 72,9%. Essa é uma das conclusões do estudo Síntese de Indicadores Sociais, divulgado no Rio de Janeiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Por unidades da Federação, o Rio Grande do Sul apresentou a taxa de atividade feminina mais alta (58,9%), o que pode ser explicado em grande parte pelo fato de que mais mulheres trabalham nas áreas rurais gaúchas (77,1%) do que em outros lugares.
A Coordenadora do estudo, Ana Lúcia Sabóia, técnica do Departamento de População e Indicadores Sociais do instituto, disse que a pesquisa constatou que 49% das mulheres ganhavam até um salário mínimo de rendimento médio. Isso significa que um percentual muito grande de mulheres trabalhavam em 2003 com baixo rendimento, porque grande parte do contingente feminino está em empregos domésticos ou em ocupações típicas da área de serviços, "característica básica do mercado de trabalho brasileiro" e, portanto, de baixa remuneração. Entre essas ocupações, Sabóia citou as cabeleireiras, depiladoras, manicures, professoras primárias, enfermeiras. "Isso é que faz com que o rendimento delas seja mais baixo", disse.
A técnica do IBGE alertou para o fato de que mesmo mulheres com educação superior, somando 11 anos de estudo, têm rendimento em média 30% mais baixo em comparação ao dos homens, porque elas ainda escolhem carreiras ou ocupações em que o rendimento é mais baixo. Enquanto os homens buscam trabalho na indústria ou como profissionais liberais, como advogados por exemplo, as mulheres com o mesmo nível de escolaridade superior preferem ser assistentes sociais, explicou Ana Lúcia Sabóia. Isso explica, segundo ela, essa diferença, apesar da existência de possíveis casos de discriminação de gênero no mercado de trabalho.
As regiões Sul e Sudeste do Brasil, consideradas mais desenvolvidas economicamente, apresentaram as maiores desigualdades de rendimento entre homens e mulheres. Em Santa Catarina, por exemplo, a diferença atingiu 41%: o rendimento médio mensal da população ocupada nesse estado era de R$ 985,10 para os homens e de R$ 583,60 para as mulheres. O menor nível de desigualdade por sexo foi registrado na Paraíba (14%), de acordo com a pesquisa: os homens recebiam rendimento mensal médio de R$ 442,20 e as mulheres de R$ 378,60.
O exame do rendimento-hora da população ocupada por sexo e anos de estudo registra redução no rendimento-hora das mulheres em 2003 de 4,8% e de apenas 2% para os homens. Isso deixa claro, de acordo com o IBGE, que persistem as desigualdades regionais e de gênero no mercado de trabalho brasileiro.
Na área urbana, a taxa de atividade feminina atingiu 50% em 2003, contra 71% de homens. A região Sul continuou liderando a taxa de atividade das mulheres no mercado de trabalho, com 54,1%. Os três estados do sul do país bem como as regiões metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre apresentaram taxas superiores a 52,9% para a população feminina ativa.