IBGE indica que 85,6% das moradias no país estão nas cidades

24/02/2005 - 7h28

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - O estudo Síntese dos Indicadores Sociais 2004, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que em 2003 o país tinha 42.107.183 de domicílios urbanos, representando 85,6% do total de 49.142.171 de moradias. Em relação a 2002, o número de domicílios permanentes urbanos cresceu 3,4%. A análise dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) registra também crescimento de 3,3% do número de domicílios totais no país em relação a 2002.

Para o especialista do IBGE, Rubem Magalhães, o estudo do IBGE evidencia o crescimento populacional das grandes cidades, em especial nas regiões metropolitanas. A maior parte dos 42.107.183 domicílios permanentes urbanos está concentrada na região Sudeste (20.766.778), sendo que os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais abrangem 19.994.503 dessas moradias. Mais da metade (10.218.000 domicílios) está nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo.

A faxineira Maria José de Carvalho, de 40 anos, é um exemplo da migração para os centros urbanos. Morando há sete anos no Rio de Janeiro, Maria José vendeu a casa que possuía em Natal e transferiu-se para o Sudeste com quatro filhos em busca do marido, com quem vivia há 15 anos. Quatro anos depois, ele a abandonou. Hoje, ela é empregada de uma firma prestadora de serviços, ganha cerca de R$ 400,00, paga aluguel de R$150,00 e arca com todas as despesas da casa. Apesar das dificuldades, agravadas pela ordem de despejo da casa onde mora, Maria José afirma que no Rio tem mais oportunidades de trabalho do que no interior. "Lá eu trabalhava na roça, capinando, e aqui estou empregada."

Rubem Magalhães destaca que, se forem levados em conta os últimos censos, pode-se perceber a inclinação do crescimento do processo de urbanização brasileiro. Em 1970, o percentual de domicílios urbanos correspondia a 58,3% do total e em 2000 essa taxa já era de 83,3%. Não há porém elementos que já comprovem o nível de saturação das cidades, diz Magalhães.

O levantamento mostra ainda que, em relação à renda média mensal per capita, 20,7% dos domicílios urbanos eram ocupados em 2003 por famílias com renda de até meio salário mínimo, o que pode ser definido como sub-habitação. 25,5% dos domicílios eram ocupados por pessoas com renda de meio a um salário mínimo e 24,1% eram ocupados por famílias com renda de um a dois salários. Na faixa de renda superior a cinco salários mínimos, os domicílios urbanos permanentes representavam 7,9%.

O estudo revela também que em 2003 as residências urbanas eram constituídas por 87,7% de casas e 11,7% de apartamentos. E a maior proporção de apartamentos está nas regiões Sudeste (14,3%) e Sul (13,3%). Segundo o levantamento, não houve alteração significativa nos percentuais de distribuição por condição de ocupação dos domicílios em 2003, em comparação ao ano anterior: 73,7% dos domicílios eram próprios, 17,1% alugados e 8,6% cedidos. E as residências de alvenaria, com 91%, predominam no país.