Atividade da indústria paulista cai 5,1%, mas comércio alonga prazos e garante vendas

24/02/2005 - 17h45

Elisângela Cordeiro
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Queda de 5,1% na atividade industrial do Estado de São Paulo em janeiro foi registrada pelo Índice do Nível de Atividade (INA), contrariando a expectativa de uma queda mais acentuada, como reflexo das sucessivas altas da taxa de juros pelo Banco Central, e indicando que o comércio varejista está se adaptando à alta dos juros com prazos mais longos de financiamento, que geram prestações menores e garantem as vendas da indústria do setor de produtos duráveis, .

Esta é uma das mudanças de mercado constatadas pelo Índice, afirmou hoje o diretor do Centro das Indústrias (Ciesp), Boris Tabacof, durante a divulgação dos dados em conjunto com a Federação das Indústrias (Fiesp) paulistas.Para Tabacoff, "com certeza, o setor empresarial tem capacidade de tentar enfrentar os obstáculos. Há uma adaptação do financiamento dos produtos duráveis - geladeiras, televisores, móveis e automóveis - com prazos cada vez mais longos e prestações que caibam no bolso do comprador".

O diretor do Ciesp acrescenta que os acordos entre empresas de varejo e os bancos tornam possível os financiamentos e minimizam o efeito da taxa de juros, pois "o objetivo do juro alto é esfriar a economia, mas não está cumprindo essa função". Dados do INA revelam que no setor de Alimentos e Bebidas, considerado de bens não-duráveis, e sem condições de financiamento, a queda da atividade industrial foi mais acentuada, 11,2%. Em contrapartida, no segmento de veículos automotores, a redução da atividade foi menor, com queda de 0,7%.

Para Tabacof, os setores dos bens duráveis estão apresentando dinamismo: "Continuam produzindo e vendendo bem e puxam o resto da economia, porque em cada um desses produtos vem plástico, produtos de metais, todo um conjunto de matérias-primas". Ele revela que esse efeito deve durar até quando o capital de giro suportar a necessidade de financiamento.

O diretor do Ciesp afirmou também que a elevação da taxa Selic não se justifica em função de uma possível ameaça de esgotamento da capacidade de produção da indústria, mesmo porque que ainda há capacidade ociosa. Entre os setores que apresentam os maiores índices de utilização de capacidade estão: Metalurgia Básica (92,5%), Fabricação Coque, Refino, Combustível Nuclear e Álcool (89,6%), e Celulose e papel (86,1%).